Jornal Correio Braziliense

Economia

Governo aumenta remuneração das concessões para atrair interessados em BRs

O indicador foi atualizado para 9,2% ao ano (já descontada a inflação) e será abatido do cálculo da tarifa máxima dos futuros editais



O governo anunciou a nova Taxa Interna de Retorno (TIR) para as próximas concessões de rodovias federais. O indicador foi atualizado para 9,2% ao ano (já descontada a inflação) e será abatido do cálculo da tarifa máxima dos futuros editais. O secretário de Assuntos Econômicos do Ministério da Fazenda, Paulo Corrêa, informou que foram considerados na composição da nova TIR vários fatores, como o risco Brasil. A taxa anterior, de 7,2% ao ano, vinha sendo usada desde 2007.

;A nova remuneração é o ganho real médio do investidor, livre de imposto e da inflação. Mas o retorno vai depender de uma série de outros fatores, como a estrutura do projeto;, afirmou Corrêa. Segundo ele, a TIR estava desatualizada devido às mudanças na conjuntura econômica do país e da piora dos indicadores. ;Não estaria errado em concluir que (essa atualização) reflete o aumento do risco Brasil;, disse ele, reconhecendo que essa mudança era uma das exigências dos investidores. ;Daqui para a frente, o governo procurará ouvir mais mercado como parte do processo de tomada de decisões;, acrescentou.

Em 2007, a conjuntura era totalmente diferente. O Brasil ainda não tinha conquistado o grau de investimento, obtido no ano seguinte, e o Produto Interno Bruto (PIB) crescia 6%. Neste ano, há a ameaça de o país perder esse selo de bom pagador, e a economia deve encolher 2,1% pelas estimativas da MB Associados. Ao ser questionado sobre a instabilidade da economia atual, o secretário admitiu que, se vier a ocorrer o rebaixamento pelas agências de risco, a conta precisará ser refeita.

;Claro que, se mudar o patamar de risco, teremos que pensar maneiras para refletir a realidade;, afirmou Corrêa. Segundo ele, os próximos 15 trechos de rodovias que deverão ser leiloadas pelo segundo Programa de Investimentos e Logística (PIL) usarão a nova TIR. Quatro deles serão leiloados em outubro, um deles, a BR-364, que corta o Centro-Oeste.

Para o economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, essa mudança na taxa de retorno, que era aguardada pelo mercado, é bastante positiva.

Celg será desestatizada
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recebeu autorização ontem para contratar o International Finance Corporation (IFC), ligado ao Banco Mundial, para estruturação do processo de desestatização da distribuidora de energia goiana, a Celg, cujo controle é dividido pela Eletrobras e pelo governo de Goiás. A autorização foi publicada no Diário Oficial de União.

Investimentos
O segundo Programa de Investimento e Logística (PIL), anunciado em 9 de junho último, prevê a concessão de quatro trechos de rodovias federais neste ano: a BRs-476/153/282/480, ligando os estados do Paraná e de Santa Catarina; as BR-364/060, entre Goiás e Mato Grosso; a BR-364, em Minas Gerais; e a BR-163, entre Mato Grosso e Pará. Ao todo, são 2,6 mil quilômetros de estradas e valor estimado de investimentos de R$ 19,6 bilhões.