Agência France-Presse
postado em 12/07/2015 19:43
Bruxelas, Bélgica - A Eurozona propôs neste domingo colocar a Grécia praticamente sob tutela em troca de um terceiro plano de resgate, segundo um documento preliminar que serve de base às negociações em andamento entre Atenas e seus sócios.O projeto, preparado pelos ministros das Finanças da zona do euro, também não descarta um "Grexit". "Caso não haja um acordo, deverão ser oferecidas à Grécia rápidas negociações para uma saída temporária da zona do euro", afirma o texto.
Esta passagem, inscrita a pedido do ministério alemão das Finanças, está entre colchetes, o que indica que não é uma proposta definitiva. "O texto em seu conjunto é muito ruim, tentamos encontrar soluções", declarou uma fonte grega, afirmando que seu país não pode "esperar mais" para encontrar um acordo, de preferência neste domingo.
[SAIBAMAIS]
Para restabelecer a confiança, o projeto também exige que o Parlamento aprove até 15 de julho, ou seja, em apenas três dias, as medidas de ajuste e pede para supervisionar certas leis. "O governo (grego) deverá consultar e acordar com as instituições todos os projetos de lei em áreas relevantes antes de submetê-las à consulta pública ou ao Parlamento", afirma o Eurogrupo.
Os ministros das Finanças estimam as necessidades para um terceiro resgate da Grécia de 82 a 86 bilhões e também pedem uma reforma ambiciosa das aposentadorias, a abertura de lojas aos domingos, a liberalização de farmácias e de outros setores como o energético, assim como novas privatizações.
Desconfiança e tensão
A desconfiança e as dúvidas sobre a vontade da Grécia de aplicar as reformas e ajustes que apresentou na semana passada marcaram o início desta cúpula, na qual Alemanha e França se opõem radicalmente. "Não haverá acordo a qualquer preço", disse a chanceler alemã, Angela Merkel, ao chegar à reunião, acrescentando que foi perdida "a moeda mais importante: a confiança e a confiabilidade".
"A França fará todo o possível para alcançar um acordo", afirmou, por sua vez, o presidente francês, François Hollande, enquanto o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou que um acordo é possível "se todas as partes quiserem". A cúpula dos 19 líderes da eurozona, convocada de urgência na semana passada e apresentada como a da última oportunidade para evitar o pior, "durará até que concluamos as negociações sobre a Grécia", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
Para facilitar as negociações, Tusk decidiu cancelar um encontro dedicado à Grécia que estava previsto para este domingo com os 28 líderes do bloco europeu. Atenas apresentou na semana passada um pacote de reformas e ajustes para convencer seus sócios da zona do euro a lhe concederem um terceiro programa de resgate, depois de já ter se beneficiado de dois resgates em 2010 e 2012.
O pacote apresentado por Atenas, que inclui cortes de aposentadorias, aumento do IVA, privatizações e novos impostos para as empresas, não pareceu suficiente aos sócios europeus de Atenas, que desde sábado demonstraram suas divisões. Inclusive no sábado, o presidente do Eurogrupo decidiu suspender o encontro depois que o ministro alemão, Wolfgang Schauble, pediu ao presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que não o considerasse imbecil, segundo a agência grega ANA.
Entre as opções sobre a mesa também há uma proposta alemã de criar fora da Grécia um fundo que reagrupe os ativos gregos fruto das privatizações prometidas de um valor total de 50 bilhões de euros. Este fundo serviria posteriormente para pagar a enorme dívida do país.
Desde sábado, dois dos países mais duros com a Grécia, Alemanha e Finlândia, não escondem seu desejo de que a Grécia saia da zona do euro, ao menos de maneira temporária. A Grécia, onde há duas semanas entrou em vigor um controle de capitais, espera agora um desenlace.