Economia

Grécia aceita acordo duro com Eurogrupo em troca de novo resgate

Os ministros das Finanças da zona do euro se reuniram nesta segunda-feira para conceder a Atenas um crédito-ponte. A expectativa é resolver esta sensível questão até quarta-feira

Agência France-Presse
postado em 13/07/2015 16:53
s líderes da zona do euro alcançaram nesta segunda-feira (13/7) um acordo para começar a negociar um novo programa de resgate com a Grécia, que impõe ao governo de Alexis Tsipras uma série de medidas draconianas e grandes sacrifícios para a exausta economia do país.

Agora, a urgência é fazer que a Grécia consiga honrar o pagamento de 4,2 bilhões de euros ao Banco Central Europeu (BCE) até 20 de julho. Até meados de agosto, as necessidades financeiras de Atenas chegam a 12 bilhões de euros.

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Para isso, os ministros das Finanças da zona do euro se reuniram nesta segunda-feira para conceder a Atenas um crédito-ponte. A expectativa é resolver esta sensível questão até quarta-feira.

"É muito complexo (...) ainda não encontramos a maneira de fazer isso", admitiu o holandês Jeroen Dijsselbloem.

Nessa mesma reunião, ele foi nomeado, mais uma vez, presidente do Eurogrupo, no lugar de seu colega espanhol Luis de Guindos.

Após o anúncio do acordo, o BCE informou que manterá "sem alterações" os empréstimos de emergência (ELA) aos bancos gregos, vitais para manter o fluxo do sistema bancário do país, vítima de uma grande fuga de capitais nos últimos meses.

Após 17 horas de negociações difíceis, marcadas pela desconfiança e pela divisões, assim como pela ameaça de uma saída da Grécia da união monetária, os 19 países da Eurozona chegaram a um acordo "por unanimidade".

"O ;Grexit; desapareceu", disse à AFP o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reconhecendo que a missão foi "trabalhosa".

A possibilidade de uma saída da zona do euro esteve sobre a mesa durante boa parte das negociações, iniciadas no domingo à tarde.

Hoje, os mercados europeus reagiram bem ao acordo, e as principais Bolsas da zona do euro fecharam em alta.

Agora, o Parlamento grego deve aprovar as reformas negociadas com os sócios europeus, uma série de medidas duras de ajuste em termos de aposentadorias, aumento de impostos e ampliação do programa de programa de privatizações.

O calendário do acordo impõe primeiro uma votação na Grécia da nova legislação, seguida pela aprovação dos Parlamentos nacionais nos dias seguintes. O sindicato grego de funcionários públicos, o Adedy, já convocou uma greve de 24 horas.

Na Alemanha, o Bundestag pode votar na sexta-feira, afirmou o presidente do Parlamento, Norbert Lammert.


Grécia prolonga fechamento dos bancos

O governo grego decidiu nesta segunda-feira prolongar mais uma vez o fechamento dos bancos "até quarta-feira", indicou à AFP uma fonte do Ministério das Finanças, que pediu para não ser identificada.

Após uma reunião entre o vice-ministro das Finanças Dimitris Mardas e os diretores dos principais bancos gregos, e apesar do acordo anunciado em Bruxelas, o governo decidiu manter o controle de capitais e "o fechamento dos bancos". A medida está em vigor desde 29 de junho.

Desde que o governo impôs um controle de capitais, a economia grega está paralisada. Os bancos sobrevivem apenas com a ajuda de emergência do BCE, que decidiu manter inalterado o limite máximo dos seus empréstimos de emergência (ELA), correspondente a cerca de 89 bilhões de euros.

O terceiro resgate ao país, que foi beneficiado por programas de ajuda em 2010 e 2012, está avaliado em algo entre 82 e 86 bilhões de euros durante três anos.

O documento final inclui vários pontos que o governo de Tsipras queria evitar, como a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) no resgate, novas privatizações e a criação de um fundo de 50 bilhões de euros controlado pela UE que servirá para amortizar a dívida.

Sobre a dívida, o documento abre caminho para uma reestruturação e a ampliação dos prazos, mas lembra que uma redução não é possível.

O acordo obriga o governo grego a legislar rapidamente esta semana sobre as novas medidas, incluindo a reforma das aposentadorias e a abertura à concorrência em setores como transporte marítimo e energia, assim como uma "revisão e modernização" do mercado de trabalho.

Em Bruxelas, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que "o caminho será longo e difícil" para o pacote de resgate.

O espanhol Mariano Rajoy comemorou o "acordo equilibrado". Já seu ministro da Economia, Luis de Guindos, disse que, "embora a ;Grexit; não possa ser totalmente descartada, estamos muito melhor do que estávamos há uma semana".

O presidente francês, François Hollande, foi mais otimista e celebrou uma "decisão histórica" da União Europeia e a "corajosa decisão" do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.

Tsipras afirmou que batalhou "até o fim" para obter um acordo, que os sócios da zona do euro defenderam que fosse "mais rigoroso".

Na Grécia, muitos cidadãos usam as palavras "humilhação, miséria e escravidão" para definir o acordo.

A situação pode provocar uma nova crise política para Tsipras, que conseguiu o apoio da oposição nas negociações com os credores, mas sob o risco de aumentar as divisões dentro de sua coalizão.

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