Economia

Mesmo com pouca renda, aposentadas tentam garantir sustento de famílias

Com benefícios de apenas um salário mínimo, elas precisam encontrar novas fontes de renda e seguir no mercado de trabalho para garantir o sustento de todos os dependentes

Antonio Temóteo, Simone Kafruni
postado em 19/07/2015 08:00
Aos 73 anos, Conceição Ferreira da Silva (centro) ainda assegura que nada falte aos  filhos, netos e bisnetos
De menina abandonada pela mãe alcoólatra, em Carolina, no Maranhão, criada desde a infância por desconhecidos, trabalhando em troca de abrigo e comida, a matriarca de uma família enorme, e provedora de quatro gerações na capital federal. Essa é a trajetória de Conceição Ferreira da Silva, uma guerreira que nunca deixou a labuta e ainda hoje, aos 73 anos, costura numa fábrica social e vende dindim pelas quadras da Cidade Estrutural para engrossar a parca pensão e assegurar que nada falte aos seus. Conceição é mais uma brasileira sem direito a descanso entre os 6,5 milhões de idosos que permanecem no mercado de trabalho segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Sem guardar rancor pela infância perdida, Conceição, uma senhorinha miúda, com uma garra gigante, traz do passado a força de quem não desiste nunca e a disposição para ajudar quem precisa. Não teve sorte no casamento e deixou o marido, com quem teve oito filhos, no Maranhão. Em 1994, mudou-se para Brasília, para a casa da filha Juraci, que já tinha se estabelecido na capital, onde trabalhava como empregada doméstica e, hoje, tem um ponto de venda de caldos. ;Quando cheguei, fiz de tudo. Trabalhei na cozinha, como faxineira, sacoleira, vendendo bolo no mercado. Eu já vendi de tudo um pouco nessa vida ; comida, roupa, o que aparecia eu vendia para garantir o sustento;, conta.

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Dos sete filhos ainda vivos, apenas um permaneceu no Maranhão. Todos os outros vieram aos poucos para o Distrito Federal. Genilson, que ficou na terra natal, é caminhoneiro, e numa das viagens deixou na casa de Conceição o filho Gustavo, hoje com 9 anos. ;Garoto difícil de comer que só vendo;, diz a avó, que o cria com muito gosto. O filho Erson, 52 anos, casou-se com Alderina,com qum teve as filhas Taís, hoje com 25 anos, e Tainara, 22. Mas Erson, por causa de um acidente que quase lhe custou a amputação de um braço, perdeu os movimentos, a ponto de comprometer seu trabalho.

Taís e Tainara também têm filhos. Heitor, 5 anos, e Taila, 3, são de Taís; e a pequena Taiane, de 11 meses, é o bebê de Tainara, que está grávida novamente. ;Ela é uma mãe para nós todos. Onde ela está, a gente está junto;, diz Alderina, referindo-se à sogra. Como Erson perdeu o benefício de invalidez, está sem renda e faz apenas bicos para sobreviver, Conceição ajuda na casa do filho, paga as contas que precisa, faz rancho quando falta a comida, e ainda ajuda na criação e no sustento de netas e bisnetos. ;Foi ela que me arrumou o emprego na fábrica;, diz a nora.

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