Nova linha de crédito criada pelo Banco do Brasil (BB) começou nesta semana a financiar a compra da casa própria. Trata-se da linha batizada de Pró-cotista, que usa recursos do Programa Especial de Crédito Habitacional ao Cotista do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A instituição empresta até 90% do valor do imóvel novo ou usado avaliado em no máximo R$ 400 mil, num prazo de 30 anos, com taxa de juros de 9% ao ano. A expectativa da instituição é aplicar R$ 1 bilhão no novo produto.
[SAIBAMAIS]O empréstimo só poderá ser tomado por quem tem conta ativa no FGTS e acumula, no mínimo, 36 contribuições ao fundo, seguidas ou não. Naqueles casos em que o candidato à linha de crédito não tiver conta ativa no fundo, precisará comprovar saldo total no FGTS igual ou maior do que 10% do custo do imóvel ou da escritura, valendo a maior cifra entre as duas opções.
A iniciativa do BB é parte da tentativa do governo federal de impedir retração maior na oferta de crédito imobiliário, em razão da queda do aumento dos saques na caderneta de poupança e da redução da disponibilidade de recursos para empréstimos. A prinicipal instituição no segmento, a Caixa Econômica Federal, foi obrigada a reduzir a parcela de financiamento de 80% para 50% em virtude da diminuição dos saldos na poupança.
Os bancos privados, por sua vez, reduziram a oferta de empréstimos imobiliários, diante do desaquecimento da economia brasileira e do aumento do desemprego. O BB tenta, portanto, preencher uma lacuna para atender à população que deseja adquirir a casa própria, mas ficou com pouco ou nenhuma alternativa.
A carteira de crédito imobiliário do BB somava R$ 42,06 bilhões em abril, representando acréscimo de 45,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O banco já havia dilatado o prazo de financiamento de clientes que usam recursos do FGTS no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para 420 meses, o equivalente a 35 anos. Elevou, também, o limite de financiamento a 80% do valor do imóvel. O banco informou ter identificado 2,2 milhões de clientes que se enquadram nas condições da nova linha de crédito, que começou a ser oferecida nesta semana.
As dificuldades dos brasileiros para adquirir a casa própria aumentaram em abril com a restrição aos financiamentos da Caixa Federal. Até então, o banco financiava até 80% do valor de um imóvel usado avaliado em no máximo R$ 750 mil. Hoje, o limite é de 50%. Tomando-se como exemplo um apartamento de R$ 300 mil, a entrada aumentou de R$ 60 mil pra R$ 150 mil. Os juros também subiram, acompanhando a alta da inflação e o agravamento da crise econômica.
Inadimplência maior
Cresceu a inadimplência dos consumidores, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso alcançou 21,5%, ante 21,3% em junho e 18,9% em julho de 2014. Segundo nota distribuída pela CNC, ;apesar da moderação no crescimento do crédito, a alta das taxas de juros, a persistência inflacionária e a queda na renda real do trabalhador provocaram impactos negativos nos indicadores de inadimplência;.