Atenas, Grécia - A Grécia recebeu nesta segunda-feira (27/7) os representantes de seus credores, com os quais começou a negociar um terceiro plano de resgate para o país.A relação entre as duas partes é tensa. Prova disso foram os anúncios divergentes sobre quando as negociações começariam.
Hoje, o governo grego disse que as discussões começariam na terça-feira, com as equipes técnicas dos credores, enquanto que, em Bruxelas, uma porta-voz da Comissão anunciou que os representantes dariam início aos trabalhos imediatamente.
No fim do dia, o ministro grego da Economia, Euclide Tsakalotos, informou que as negociações começaram nesta segunda-feira e que "se intensificarão na terça". Ele reiterou que a Grécia vai "obedecer às decisões" acordadas na cúpula europeia.
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De qualquer forma, o tempo pressiona Atenas e seus credores - a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE). Até 20 de agosto, eles devem fechar o terceiro plano de resgate, estimado entre 82 e 86 bilhões de euros, conforme firmado na cúpula europeia de 12 e 13 de julho.
Com os cofres vazios, a Grécia espera receber antes dessa data um primeiro pagamento de mais de 3 bilhões de euros ao BCE em 20 de agosto.
Isso implica definir em apenas três semanas as reformas prioritárias a serem executadas, fixar o calendário de pagamentos, encontrar um acordo sobre os objetivos fiscais da Grécia, obter a aprovação das três instituições credoras e de vários parlamentos que devem se pronunciar, além de submeter ao Parlamento grego as decisões adotadas.
Trata-se de um desafio, a começar pelas difíceis negociações entre os credores e o governo de esquerda grego, no poder desde o final de janeiro.
Até agora, nenhuma das partes informou se nesse estágio das negociações será discutida uma possível reestruturação da dívida pública grega, em torno de 180% do PIB.
A princípio, a reestruturação já não é mais posta em dúvida, disse Beno;t Coeuré, membro da direção do BCE, em entrevista ao jornal francês Le Monde.
"A questão não é saber se haverá reestruturação, mas, sim, como ela será feita", comentou Coeuré.
Varoufakis dá o que falar
O primeiro-ministro Alexis Tsipras continuará avaliando o que fazer com a rebelião de quase 30 deputados de seu partido, o Syriza. Os dissidentes são hostis aos termos desse novo resgate e deixaram o governo sem a maioria no Parlamento.
Nesta segunda, Tsipras pediu uma revisão "das conquistas e dos erros" desses seis meses, em que seu partido está no poder. Ele pediu ainda que respondam "com sinceridade", se havia uma solução alternativa realista à assinatura do acordo de 13 de julho.
Tsipras reconheceu que "existem diferentes orientações no interior de seu partido" e que "se deve organizar o quanto antes uma convenção (do partido)" para resolvê-las.
O governo se absteve de reagir à polêmica deflagrada neste final de semana, a propósito de artigos de jornal assinados, entre outros, pelo ex-ministro da Economia Yanis Varoufakis. Ele pediu demissão em 6 de julho, dia seguinte ao "não" no referendo, mas continua sendo um deputado influente.
Varoufakis revelou ter um plano para introduzir uma moeda paralela, pirateando as contas bancárias dos contribuintes gregos, com a ajuda de um amigo de infância agora professor de Informática nos Estados Unidos.
"Nunca se discutiu sobre o plano Varoufakis, são histórias", rebateu na imprensa o vice-ministro grego da Economia, Dimitris Mardas.
A Secretaria-Geral de Contas Públicas, que tem os dados fiscais dos contribuintes, anunciou hoje que abrirá uma investigação para detectar se houve operações suspeitas.