Agência Estado
postado em 27/07/2015 21:39
O Banco Safra alterou sua previsão para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira, de um aperto de 0,25 ponto porcentual para um de 0,50 ponto, com a Selic atingindo 14,25% ao ano.A instituição acredita, no entanto, que este será o último movimento do atual ciclo de ajuste dos juros por parte do Banco Central. O economista-chefe do Safra, Carlos Kawall, assinala, em seu comentário, que as novas metas fiscais anunciadas para este e para os próximos anos o levaram a mudar sua perspectiva em relação à política monetária.
Isso porque, além de revelarem o quão elevado é o desafio da melhoria fiscal das contas, o corte nas metas teve "um grande impacto sobre os preços dos ativos, incluindo a taxa de câmbio". O economista do banco lembra que, embora seu cenário já contemplasse um real mais fraco, os níveis do dólar subiram, recentemente, para um valor muito mais elevado que o considerado pelo Banco Central em seu último Relatório de Inflação, quando a autoridade trabalhava com um câmbio de R$ 3,10.
Kawall destacou que o mais recente discurso do BC, pelo diretor de Política Econômica, Luiz Awazu Pereira, apontou que "desenvolvimentos recentes mostram que há novos riscos para o resultado da inflação para 2016 que podem afetar horizontes mais longos". E, em vista disso, "o progresso até agora na luta contra a inflação precisa ser equilibrado contra os riscos mais recentes".
Apesar de trabalhar com a manutenção do ritmo de aperto em 0,50 ponto, o economista-chefe do Banco Safra disse esperar uma mudança no comunicado que acompanhará a decisão do BC, condicionando os próximos movimentos a novos indicadores e enfatizando a orientação de manter a taxa Selic em níveis elevados "o tempo necessário para fazer previsões de mercado convergirem para a meta de 4,5%, o que nós pensamos que só é realista para 2017".
"Dado que nós antecipamos que o nível de 14,25% para a Selic será suficiente para colocar a previsão do BC para 2016 no alvo, ou muito perto do alvo, prevemos que a alta da Selic nesta semana será a última do ciclo iniciado em abril de 2013, dada a queda livre vista na atividade", escreveu Kawall, que disse projetar um recuo de 2,2% do PIB em 2015 e 0,2% em 2016.
"Este cenário acabaria por levar a um ciclo de afrouxamento monetário no segundo trimestre de 2016, com a Selic atingindo 11 50% no final do ano", afirmou.