Agência Estado
postado em 28/07/2015 18:11
A redução das metas fiscais no Brasil foi um reflexo da piora da situação econômica, avaliou nesta terça-feira (28/7) a analista da agência de classificação de risco Standard & Poor;s (S), Lisa Schineller, em uma teleconferência com jornalistas e analistas de bancos como UBS, HSBC e ING. "Mantemos a crença de que a correção de políticas econômicas vai continuar no Brasil", disse ela.A S até então não tinha se manifestado publicamente sobre as mudanças nas metas fiscais, anunciadas na semana passada e que desagradaram a alguns economistas. Lisa frisou logo no início de sua apresentação que não acredita que a mudança da meta de superávit primário, de 1,1% estabelecida inicialmente para 2015, para apenas 0,15%, signifique um menor comprometimento do governo com o ajuste na economia. Ao mesmo tempo, ela frisou que aumentou nos últimos meses os riscos para a execução da política econômica, por conta da turbulência política no Congresso.
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Questionada sobre qual o peso do anúncio da mudança na meta fiscal para a decisão da S de revisar o rating brasileiro, mudando a perspectiva para "negativa", Lisa disse que o "componente-chave" foi avaliar a "fluidez" da dinâmica política e o risco de execução de medidas do ajuste econômico e ainda o fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. "A revisão das metas, na nossa visão, foi reflexo da economia mais fraca, da realidade econômica."
Lisa disse ainda que o importante para a avaliação do rating brasileiro é o comprometimento do governo com o ajuste e o empenho em "executar" as medidas de ajuste. Houve uma mudança importante de direção na política econômica entre o primeiro mandato de Dilma Rousseff e o segundo. Lisa ressaltou que a S rebaixou o rating brasileiro no ano passado por conta da deterioração de indicadores e do cenário, mas manteve a nota e a perspectiva em março por conta da mudança de direção.
Sobre o crescimento econômico brasileiro, Lisa frisou que a reversão da situação está demorando mais que o previsto e até para o próprio governo é importante que a expansão do PIB seja mais robusta no longo prazo, pois ajuda na consolidação das contas fiscais. A desaceleração da China, disse ela, vem contribuindo negativamente para a piora da atividade, na medida em que colocou fim ao boom dos preços das commodities que ajudou na expansão do Brasil após a crise financeira mundial.