Atenas, Grécia - A Bolsa de Atenas fechou em baixa de 16,23% nesta segunda-feira (3/8), uma queda histórica segundo os operadores, em seu primeiro dia de intercâmbios depois de permanecer fechada por cinco semanas devido à instauração de um controle de capitais na Grécia.
O índice ATHEX fechou em 668,06 pontos, recuperando levemente ao longo da sessão as fortes perdas registradas de cerca de 23% na abertura. Segundo o operador da bolsa grega, a última queda deste montante remonta a dezembro de 1987, de -15,3% em uma sessão.
A queda afetou sobretudo os bancos, que perderam em torno de 30%. Isso reflete a grande vulnerabilidade do setor, que precisa urgentemente de uma recapitalização depois dos saques de mais de 40 bilhões de euros desde dezembro.
O mercado prevê uma recuperação difícil após cinco semanas de fechamento.
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Depois do difícil acordo alcançado no dia 13 de julho entre Atenas e os credores, as negociações foram retomadas. "Caminhamos em uma boa direção", avaliou nesta segunda-feira o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, ao jornal grego Ethnos.
"Não esperávamos que fosse diferente hoje (segunda-feira)", disse o analista Manos Hatzidakis, da Beta Securities, questionada pela radio Skai.
O presidente da comissão dos mercados, Konstantinos Botopoulos, recomendou "esperar até o final da semana para ver com mais serenidade como será feita essa reabertura".
Bolsa a duas velocidades
As operações financeiras foram retomadas com limitações para os investidores locais, que não podem financiar a compra de títulos com dinheiro de suas contas bancárias na Grécia, sujeitas ao controle de capital em vigor.
Já se pode, contudo, utilizar as contas no exterior.
Os investidores estrangeiros, que contam com aproximadamente 60% da capitalização da bolsa, não são afetados por essas restrições.
Em sua última sessão do 26 de junho, antes do fechamento, a bolsa fechou com alta, de 797,52 pontos. Essa noite, o primeiro-ministro de esquerda Alexis Tsipras convocou um referendo sobre as novas medidas de austeridade exigidas pelos credores ao país.
Tsipras esperava que o referendo fosse ajudar seu país a deixar o impasse em que se encontravam as negociações com os credores (UE y FMI). Na consulta, o "não" teve a maior parte dos votos.
Com o risco de quebra dos bancos, o governo decretou um controle de capital, o fechamento dos bancos ; que abriram no dia 20 de julho ; e o da bolsa.
A Grécia e seus credores concluíram no dia 13 de julho um acordo para um terceiro plano de ajuda ao país, cujas modalidades estão sendo negociadas há uma semana pelo governo grego e seus credores -UE, FMI, BCE- em Atenas.
"Nossos parceiros gregos respondem de maneira construtiva e exaustiva e trabalham duro", garantiu Moscovici em Ethnos.
Indústria prejudicada
O principal fundo de aposentadoria grego, o IKA, publicou nesta segunda-feira o decreto que permite aumentar as cotações de saúde de 4 para 6%, retroativamente desde julho. A medida foi votada no mês passado no Parlamento em caráter de urgência, para satisfazer umas das exigências dos credores.
Os principais pontos da negociação são as privatizações, a recapitalização dos bancos, o estado das finanças públicas e a deterioração da situação econômica nos últimos meses.
Uma amostra dessa piora é o índice correspondente a julho - o mais baixo desde que começaram os registros- elaborado pelo Markit, e que constata uma queda à metade da atividade das pequenas e médias empresas gregas, pelo controle de capital que ainda está em vigor.
Mais da metade das empresas consultadas (51,2%) indicaram uma queda de mais 50% de seu volume de negócio e, no caso, de 31,9%, esse percentual foi superior a 70%. A queda média sobe para 48%.
O governo grego espera para meados de agosto um acordo sobre um novo empréstimo de três anos por 82 bilhões de euros, que permitirá a Atenas reembolsar no próximo dia 20 cerca de 3,4 bilhões de euros, incluídos os juros, ao BCE.
; 1994-2015 Agence France-Presse