Agência France-Presse
postado em 17/08/2015 08:59
Os diretores das grandes empresas cotadas na bolsa em Londres ganharam 183 vezes o salário de um trabalhador médio britânico em 2014, aumentando o abismo entre os grupos, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira (17/8). [SAIBAMAIS]Os diretores das empresas incluídas no índice FTSE-100 dos valores principais da bolsa de Londres receberam em 2014 uma média de 4,964 milhões de libras (; 6,980 milhões, US$ 7,759 milhões) no ano passado, contra 4,923 milhões de libras em 2013, e 4,123 milhões em 2010. Isso representou 183 vezes o salário médio de um funcionário de tempo integral no Reino Unido, segundo este estudo do High Pay Centre (Centro de Estudos de Altos Salários). Os diretores ganharam 182 vezes o salário médio em 2013 e 160 vezes em 2010, segundo a mesma fonte.
"Os salários deste tamanho vão muito além do razoável ou necessário para premiar ou estimular os líderes", estimou Deborah Hargreaves, diretora do centro de estudos, que se define como não partidária.
Os acionistas têm o direito de se queixar nas assembleias gerais, algo que às vezes acontece: a maioria votou contra a remuneração do diretor-geral da marca de luxo Burbery no ano passado. Mas, em média, apenas 6,4% dos acionistas votaram contra a remuneração dos chefes das empresas do FTSE-100.
As grandes empresas são obrigadas desde 2013 a publicar os salários de seus diretores que, em geral, também recebem prêmios e outras gratificações. "No entanto, é evidente que estas reformas não fizeram o suficiente para começar a construir uma cultura da remuneração na qual todos sejam recompensados de maneira justa e proporcionalmente por seu trabalho", disse Deborah Hargreaves.
"A desigualdade alcançou níveis estratosféricos", lamentou Frances O;Grady, secretário-geral da federação de sindicatos TUC (Congresso de Sindicatos, em inglês). Um porta-voz da Confederação da Indústria Britânica (CBI), a principal organização nacional de empresários, disse à AFP que "os altos salários só se justificam por um rendimento excepcional e sempre deve existir um claro vínculo entre as duas coisas". "Os acionistas têm agora o direito de votar nas políticas de remuneração corporativas e é importante que utilizem efetivamente este direito", disse.