Simone Kafruni
postado em 19/08/2015 12:30
A sonegação no Brasil atingiu R$ 327 bilhões de janeiro a agosto e o estoque da dívida ativa da União deve chegar a R$ 1,5 trilhão até o fim do ano. Os números, apurados pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), estão expostos para quem quiser ver, no sonegômetro instalado em frente ao Museu Nacional, na Esplanada dos Ministérios. Até o fim do ano a sonegação deve passar de R$ 500 bilhões.[SAIBAMAIS]O que mais chama a atenção é que, se o governo investisse nos instrumentos de combate à sonegação, não seria necessário fazer ajuste fiscal, já que os R$ 327 bilhões sonegados até agora seriam mais do que suficientes para fechar as contas do governo e os brasileiros não precisariam pagar a fatura para sanar os problemas de caixa do país.
O Sinprofaz aponta ainda que, do total da dívida, de R$ 1,1 trilhão registrada até julho deste ano, praticamente dois terços, ou R$ 723,3 bilhões, estão concentrados nas mãos de grandes empresas e indústrias que representam menos de 1% do total de companhias registradas no país. ;São 13 milhões de empresas e a maior parte da dívida é de apenas 12 mil companhias;, explica o presidente do Sinprofaz, Achilles Frias.
O setor industrial é o que concentra a maior parte dos débitos tributários. Grandes indústrias devem R$ 315,7 bilhões do total de R$ 1,1 trilhão da dívida ativa registrada até julho. O comércio está em segundo lugar, com R$ 278,8 bilhões. construção civil e agricultura ocupam os sétimo e décimo lugares, com R$ 49 bilhões e R$ 19 bilhões, respectivamente. O estudo revela ainda que os estados mais ricos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, também são os que sediam os maiores devedores.
O presidente do Sinprofaz destaca que os procuradores são advogados públicos que recuperam tributos não pagos por pessoas físicas e jurídicas. No ano passado, a carreira conseguiu impedir a perda de R$ 500 bilhões aos cofres públicos. ;No entanto, os profissionais sofrem com acúmulo de funções e falta de condições de trabalho. São 2 mil procuradores hoje e apenas 0,7 servidor por profissional;, lamenta Frias. O sindicato também quer uma remuneração isonômica com as carreiras da Defensoria, do Judiciário e do Ministério Público.