Agência France-Presse
postado em 19/08/2015 16:47
Berlim, Alemanha - O Parlamento alemão aprovou nesta quarta-feira, por ampla maioria, o terceiro plano de ajuda à Grécia, em uma votação em que ficou claro que o descontentamento dos conservadores com a chanceler Angela Merkel é limitado.Dos 585 deputados presentes (dos 631 do Bundestag), 454 votaram a favor, 113 contra e 18 se abstiveram, segundo os resultados oficiais da votação.
No total, 63 deputados conservadores do CDU/CSU da chanceler votaram contra e outros 17 não participaram da votação. Outros três se abstiveram.
Embora tenha estado presente no Bundestag, a chanceler deixou nas mãos de seu ministro da Economia, Wolfgang Sch;uble, a defesa deste novo crédito que pode chegar a 86 bilhões de euros em três anos e que suscita uma oposição crescente entre a população alemã.
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Sch;uble reconheceu que "não há garantias" de êxito do novo plano, mas disse aos parlamentares que "seria irresponsável" não dar uma nova oportunidade à Grécia.
"Se a Grécia assumir suas responsabilidades e se o programa for implementado de modo completo e decisivo, a economia grega poderá crescer nos próximos anos", disse o ministro, que adotou a linha dura com os gregos.
"O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tem que fazer o contrário do que prometeu a seus eleitores", completou Sch;uble, lembrando que as reformas impostas funcionaram em Irlanda, Espanha, Portugal e Chipre.
Na Holanda, os deputados também votam nesta quarta-feira o plano de ajuda, mas o primeiro-ministro Mark Rutte pode enfrentar uma moção de censura, enquanto que na Áustria e na Espanha os deputados deram seu aval nesta quarta-feira ao novo resgate.
A adoção desse plano é necessária para que a Grécia possa pagar na quinta-feira 3,4 bilhões de euros ao Banco Central Europeu.
DescontentamentoO Bundestag aprovou em 17 de julho o início das negociações para este plano de ajuda, o terceiro a Atenas desde 2010.
Embora a aprovação do resgate não estivesse em risco, já que a grande coalizão de conservadores e social-democratas dispõem de 504 dos 631 deputados do Bundestag, a incógnita era saber a amplitude do grupo de descontentes nas fileiras conservadoras da chanceler.
Mas esse número não aumentou expressivamente em relação aos 60 que em 17 de julho desconsiderou a linha oficial e não concordaram com o início das negociações para este terceiro resgate da Grécia.
O secretário-geral da CDU, Peter Tauber, disse que votar contra "significaria uma punhalada nas costas da chanceler", cuja popularidade está ótima fase
Os partidários do ;não; se sentem respaldados por uma opinião pública convencida de já ter pago muito pela Grécia. Segundo uma pesquisa do instituto Forsa, publicado em meados de agosto, cerca de 84% dos alemães não confiam na boa vontade dos gregos para implementar reformas e 57% se opõem ao terceiro plano de ajuda.
Fator FMI
Segundo um estudo do Instituto Leibnitz de pesquisa econômica (IWH), a Alemanha já obteve cerca de 100 bilhões de euros da crise europeia, sobretudo pelas taxas de juros pagas pelos endividados.
O trabalho de Merkel foi dificultado pela posição do Fundo Monetário Internacional, que pediu até outubro para dar uma resposta sobre a sua participação ou não no novo resgate. A organização financeira condiciona a sua participação a uma redução substancial da dívida grega.
Mesmo desejando a participação do FMI, os alemães se opõem a essa exigência.
Sch;uble se disse "confiante" em que os europeus e o FMI chegarão a uma "posição comum sobre a sustentabilidade da dívida" grega e de que a instituição de Washington participe no novo plano de ajuda.