Agência France-Presse
postado em 21/08/2015 13:35
Os países emergentes estão imersos em uma corrida para desvalorizar suas moedas e continuar sendo competitivos em resposta à queda da moeda chinesa e à força do dólar. O Cazaquistão foi, na quinta-feira (20/8), o último a deixar de intervir para regular os movimentos de sua moeda, o tenge, provocando uma queda de seu valor a um mínimo histórico frente ao dólar (247,21 tenges por dólar).[SAIBAMAIS]As moedas dos países emergentes da Ásia estão sendo especialmente afetadas nos últimos dias pelos "temores de um maior enfraquecimento do iuane e pela preocupação devido à lenta recuperação do crescimento mundial", disse Kit Juckes, analista da Societe Generale.
Quanto ao Brasil, "as inquietações em torno do real são tanto políticas quanto econômicas", disse Jucles. O real caiu a 3,4924 por dólar na quarta-feira (19/8), seu nível mais baixo desde março de 2003, tendo como pano de fundo os escândalos de corrupção e o estancamento do crescimento.
Desvalorizar para competir
As autoridades cazaques "decidiram deixar (sua moeda) flutuar livremente para que seja competitiva em relação às moedas debilitadas de seus principais sócios comerciais, Rússia e China", disse Jasper Lawler, analista da CMC Markets.
As desvalorizações surpresa do renminbi ("moeda do povo", o nome oficial da moeda chinesa) pelo Banco Central da China (BPC) são interpretadas por alguns observadores como uma tentativa de frear a queda das exportações. Em resposta às quedas sucessivas da moeda chinesa, o Vietnã também ampliou as margens de flutuação de sua moeda, forçando-a a mínimos históricos.
O rublo russo sofreu desde o fim de 2014 com a queda dos preços do petróleo e as sanções do Ocidente pela crise da Ucrânia. O colapso da moeda russa levou a uma forte recessão e prejudicou sócios e vizinhos como Cazaquistão.
Esta debilidade se estende a todos os mercados emergentes, disse Jasper Lawler, citando o rand sul-africano, que caiu na quinta-feira (20/8) ao seu nível mais baixo desde o fim de 2001, a 13,000 rands por dólar. A moeda sul-africana, como a moeda da Indonésia (na quinta-feira (20/8) caiu a um mínimo histórico de 13.926 rúpias por dólar), também sofre em grande medida a queda dos preços das matérias primas.
A Turquia sofre não apenas uma crise política, mas de segurança pela guerra na Síria, e sua moeda também foi arrastada a mínimos históricos, a 3,00 liras por dólar.
Dólar seguirá freando divisas emergentes
Os países emergentes também precisam enfrentar a perspectiva de um aumento das taxas de juros nos Estados Unidos que fortaleceria ainda mais o dólar. Isso tornaria a divisa americana mais rentável e atrativa aos investidores.
Embora a inquietação pela economia chinesa e pelo freio do crescimento mundial possam fazer com que o Federal Reserve dos Estados Unidos (Fed) ainda não faça nada em setembro, há poucas dúvidas de que será o primeiro banco central do mundo a encarecer o preço do dinheiro subindo as taxas de juros, depois de anos de taxas baixas para reativar a economia.