Agência Estado
postado em 27/08/2015 11:29
O porcentual de reajustes salariais iguais à inflação do primeiro semestre deste ano supera o observado em 2009, que tinha sido, até então, o maior porcentual nessa faixa, com pouco mais de 16%, segundo o Sistema de Acompanhamento de Salários e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (SAS-Dieese).[SAIBAMAIS]Em relação aos reajustes abaixo da inflação, o porcentual de aproximadamente 15% é superior aos 11% verificados em 2008. "Quando somados, os acordos que não tiveram aumentos reais correspondem a cerca de 32% do painel com 302 unidades de negociação", afirmam os técnicos do Dieese.
"O valor médio do aumento real (0,51%) reflete o cenário desfavorável, registrando o menor nível do período", afirma José Silvestre, coordenador de Relações Sindicais do Dieese. De acordo com ele, o resultado se dá em função do aumento da inflação juntamente com a elevação do desemprego.
As negociações contemplam três grandes setores: indústria, comércio e serviços. Ficaram de fora do levantamento a agricultura e o setor público por causa das diferentes formas de pagamento dos salários nestes dois segmentos. No entanto, o setor mais prejudicado no primeiro semestre foi o da indústria.
Quando se compara os reajustes do primeiro semestre das 128 unidades de negociação do setor industrial com os conquistados pelas mesmas negociações em anos anteriores, verifica-se que 2015 foi o ano mais desfavorável. "A proporção dos reajustes com ganhos reais ficou no menor patamar dos últimos anos, em praticamente 61%", afirma Silvestre.
De acordo com ele, aqueles setores que não repuseram as perdas inflacionárias correspondem a quase três vezes a proporção registrada nos anos de 2008 e 2013, os piores registrados até então. A queda no aumento médio na indústria em 2015 refletiu a piora da economia. O valor foi o mais baixo do período pesquisado, muito próximo a zero (0,19%), acima do INPC.
Na indústria, os ganhos reais foram verificados em 61% e as perdas, em 20%. O comércio, de acordo com o balanço do SAS-Dieese, foi o setor que apresentou a maior proporção de reajustes com ganhos reais no primeiro semestre (76%) e a menor de reajustes abaixo do INPC-IBGE (7%). Nos serviços, os ganhos reais foram observados em 74% das negociações, e perdas, em 12%.