Jornal Correio Braziliense

Economia

PIB do segundo trimestre cai 1,9%, o pior resultado desde 2009

A maior queda no período foi em investimentos: 8,1%. Nem o setor do agronegócio, que costumava a puxar o PIB, ajudou neste trimestre

Rio de Janeiro ; O Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 1,9% no segundo trimestre em relação ao anterior, foi o pior resultado da economia brasileira desde o primeiro trimestre de 2009. A soma de todas as riquezas produzidas no país de abril a junho foi de R$ 1,428 trilhão, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (28/08) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Os investimentos tiveram a maior queda no segundo trimestre entre os indicadores do PIB, com retração de 8,1% na comparação com os três primeiros meses do ano. Nem o setor do agronegócio, que costumava a puxar o PIB, ajudou neste trimestre. Encolheu 2,7% na comparação com o intervalo de janeiro a março. Indústria teve retração de 4,3% e serviços, de 0,7%. Apenas o consumo do governo registrou alta, mas bem pequena, de 0,7% na comparação com o trimestre anterior.



Em relação ao segundo trimestre de 2014, o tombo do PIB foi de 2,6%, com ajuste sazonal, o pior resultado desde o primeiro de 2009, quando a queda teve o mesmo percentual. No acumulado do ano, a retração do PIB foi de 2,1% na comparação com o primeiro semestre de 2014. As riquezas produzidas em quatro trimestres tiveram queda de 1,2% em relação aos quatro trimestres anteriores.

;Quando a gente olha o desempenho das três grandes atividades econômicas deste ano em relação ao primeiro trimestre, agricultura, indústria e serviços, todas elas tiveram queda. Mas, em relação ao segundo trimestre do ano anterior, a agropecuária continua com desempenho positivo, por conta da boa safra da soja, mas a indústria e os serviços caíram;, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de La Roque Palis. ;A queda da indústria foi puxada pelo desempenho da indústria da transformação e da construção, que representam 75% da indústria e os serviços, como pesam 75% do valor adicionado do PIB, tiveram uma influência bastante grande no resultado negativo do PIB;, completou. Ela lembrou que na comparação com o segundo trimestre de 2014, a queda nos serviços foi de 1,4%, a maior da história e essa retração foi puxada, principalmente, nos setores relacionados com a indústria, como transporte e armazenagem e construção civil.

Na avaliação de Rebeca, os efeitos da operação Lava-Jato também tiveram impacto negativo no PIB. ;Quando a gente olha para o setor da construção, que foi um dos que mais caíram neste trimestre, a gente vê que essa turbulência política influenciou muito, principalmente, a parte de infraestrutura;, explicou.

Investimentos
A taxa de investimento no segundo trimestre caiu de 19,5% do PIB em 2014 para 17,8% em 2015. A queda de 11,9% na comparação com segundo trimestre do ano passado é a maior da história. De acordo com Rebeca, essa forte retração está relacionada com ;o desaquecimento da economia, da piora na oferta de crédito e no aumento dos juros assim como na maior desconfiança dos consumidores e dos empresários;.

Revisão
O IBGE revisou os resultados das contas nacionais desde o último trimestre de 2013. Com isso, o PIB do quarto trimestre de 2013, registrou queda de 0,2% em relação ao terceiro trimestre e não mais variação zerada. A alta de 0,7% no primeiro trimestre de 2014 foi mantida. Já a queda de 1,4% no segundo trimestre de 2014 foi alterada para 1,1%. O crescimento de 0,2% no terceiro trimestre de 2014 caiu para 0,1%. A variação de 0,3% no quarto trimestre de 2014 caiu para 0%. A queda de 0,2% no primeiro trimestre deste ano foi elevada para 0,7%.