Antonio Temóteo
postado em 02/09/2015 07:13
O agravamento da crise política do país e o aprofundamento da recessão acentuaram o racha da equipe econômica. Escolhido para fazer um contraponto à linha ortodoxa do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o chefe do Planejamento, Nelson Barbosa, passou a ganhar as quedas de braço com o colega quando a base aliada se mostrou contrária a medidas de arrocho. Sempre que são chamados ao Palácio do Planalto pela presidente Dilma Rousseff, os dois divergem em qual seria a melhor opção para ajustar as contas públicas. A falta de sintonia entre eles tem ficado evidente a cada pronunciamento dos dois.
Além de perder o debate sobre a previsão de deficit no Projeto de Lei Orçamentária de 2016, Levy foi voto vencido na definição sobre a redução das metas de superavit primário, no tamanho do contingenciamento e no pagamento da antecipação da 1; parcela do 13;. No mercado financeiro, economistas já contabilizam quatro derrotas do ministro da Fazenda. Os mais ácidos dizem que o placar vai logo chegar aos 7 x 1 da derrota do Brasil para a Alemanha. Barbosa conta com um aliado de peso nos debates: o ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante. A proximidade entre eles se dá pela afinidade ideológica desenvolvimentista também compartilhada por Dilma.
Após perder espaço no governo com a chegada de Levy e com o protagonismo do vice-presidente Michel Temer nas negociações com o Congresso, Mercadante voltou a ser ouvido no momento em que a chefe do Executivo deixou de ter o apoio do PMDB e ficou acuada diante da crise política. Com mais acesso ao gabinete presidencial, Barbosa e o chefe da Casa Civil convenceram Dilma a anunciar, sem qualquer estudo prévio, a redução de ministérios. Isso, paradoxalmente, trouxe mais um problema para a equipe econômica. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, não gostou de ser informado pelos jornais da possibilidade de perda do status de ministro em uma eventual reforma coordenada pelo Planejamento.
Na prática, a autoridade monetária voltaria a ser subordinada à Fazenda e Tombini teria de pedir autorização a Levy para fazer uma viagem internacional para participar, por exemplo, das reuniões bimestrais do Banco de Compensações Internacionais (BIS), em Basileia, na Suíça. Ainda que o chefe do BC tenha, em boa parte do primeiro mandato de Dilma, se submetido aos desejos do Planalto, ele goza de uma autonomia operacional que ruiria por terra com a vinculação ao Ministério da Fazenda.
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