Economia

G20 quer amortecer a onda expansiva da crise chinesa

A queda da bolsa e desaceleração econômica da China, assim como as intenções do banco central americano, centrarão as reuniões dos responsáveis das 20 principais economias mundiais

Agência France-Presse
postado em 04/09/2015 15:36
Ministros da economia e presidentes de bancos centrais do G20 tentavam nesta sexta-feira (4/9) cerrar fileiras ante dois grandes desafios, a desaceleração na China e uma provável alta das taxas de juros nos Estados Unidos.

[SAIBAMAIS]A queda da bolsa e desaceleração econômica da China, assim como as intenções do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, centrarão as reuniões dos responsáveis das 20 principais economias mundiais em Ancara, na sexta-feira e no sábado.

A Turquia sediará neste ano as reuniões do G20, assim como a que reunirá em novembro os chefes de Estado e de governo, antes de passar o bastão para a China em 2016. "O ambiente não é o de colocar a China no banco dos réus", disse um dos participantes das reuniões desta sexta-feira, que tem "plena confiança" na capacidade do governo chinês para gerenciar o mau momento.

"Mas a China deve se comunicar de forma mais clara", avaliou a fonte, se referindo a uma "certa confusão" criada após a forte desvalorização do iuane em agosto. Os Estados Unidos já criticaram Pequim por sua confusa estratégia de apoio à economia e pela opacidade de suas estatísticas.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos Jack Lew pediu à China nesta sexta-feira que "se abstenha de toda desvalorização competitiva", em uma reunião de ministros da Economia do G20 em Ancara.



"A China deve permitir que sua taxa de câmbio reflita os fundamentos econômicos, evite as distorções cambiais persistentes e se abstenha de toda desvalorização competitiva", disse Lew, segundo um comunicado, a seu homólogo chinês, Lou Jiwei, durante uma reunião nesta sexta-feira. Os participantes do G20 tentarão acalmar sobretudo os mercados, que nesta sexta-feira continuam em queda.

Vigilância

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, convocou os países emergentes a ser vigilantes ante os efeitos da desaceleração na China, que se reflete em reiterados surtos de pânico nas bolsas e em fortes quedas dos preços do petróleo e de outras matérias-primas.

Depois que Draghi declarou na quinta-feira não ter nenhum limite para apoiar a economia da zona euro, agora os olhos se voltam a sua colega do Fed, Janet Yellen. A publicação nesta sexta-feira dos dados sobre o emprego nos EUA, piores do que o previsto, não ajudou em nada para afastar as incertezas em relação ao aumento da taxa de juros pelo Fed neste mês.

Uma decisão como esta pode estar justificada pela solidez da economia americana, mas enviaria uma onda de choque a países emergentes, alguns dos quais, como Brasil e Rússia, já passam por sérias dificuldades. Um endurecimento monetário nos Estados Unidos teria um efeito de aspirador de capitais, atraídos por melhores rendimentos, em detrimento da estabilidade financeira das economias emergentes, já afetadas pela queda das cotações das matérias-primas.

Também serão fixadas estratégias na luta contra as práticas de evasão fiscal de grandes multinacionais. O ministro brasileiro Joaquim Levy - alvo de rumores de uma eventual saída - estará na reunião do G20, que é realizada em plena crise migratória na Europa. O governo brasileiro garantiu que ele seguirá em seu cargo.

Migração na agenda

Saindo da esfera estritamente econômica, as autoridades reunidas em Ancara debateram a crise migratória na Europa. "Falamos pela primeira vez do tema das migrações, no contexto das migrações de trabalho", disse à imprensa o ministro turco do Trabalho, Ahmet Erdem.

"Se levarmos em conta o rápido envelhecimento da população mundial e uma possível escassez da mão de obra no futuro, acho que este tema será discutido ainda mais nas reuniões do G20 nos próximos anos", afirmou Erdem.

Os participantes também buscarão coordenar melhor a luta contra o financiamento do terrorismo, um tema importante sobretudo na Turquia, país vizinho da Síria, onde os jihadistas do grupo Estado Islâmico controlam inúmeros territórios.

A França tentará mobilizar fundos contra o aquecimento global, meses antes da grande conferência sobre o clima (Cop 21) que será realizada em Paris no fim do ano.

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