postado em 10/09/2015 17:43
O esforço fiscal que o Brasil tem que fazer até 2018 é de R$ 200 bilhões. O cálculo é do economista especialista em contas públicas Mansueto Almeida. Ele afirma que nunca foi feito um ajuste desta magnitude em quatro anos, depois da Constituição de 1988, sem recorrer a aumentos da carga tributária. ;Não espero que agora seja diferente. No entanto, mais carga tributária sem reformas estruturais não resolverá o problema fiscal;, advertiu.Almeida deu uma palestra na sede da Ordem dos Advogados do Brasil para uma plateia de empresários, políticos e advogados.Ele apontou que uma das soluções seria rever as desonerações dadas pelo governo nos últimos quatro anos, que levaram a uma perda de receita de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). ;Se o governo revisse desonerações do Simples, dos encargos sobre folhas salariais, redução de encargos dos impostos federais da cesta básica evitaria a perda de R$ 61 bilhões de receita. Quem é que quer rever isso? Ninguém;, afirmou.
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Ele acrescentou que nas despesas de custeio 85% do dinheiro do Tesouro Nacional vai para programas de transferência de renda (Previdência Social incluída) quando se acrescenta educação, a conta sobe para 90%. ;Vocês vão cair para trás: a despesa contratada do governo federal no ano que vem vai subir R$ 104 bilhões. Isso representa 0,6% do PIB;, revelou. E concluiu que não existe nenhum grande gestor que sente na cadeira da presidência ou do ministério da Fazenda que resolva essa questão facilmente. Para Almeida não está clara a solução para o Orçamento no curto, nem no longo prazo. ;Como vai resolver essa questão imediata? Só com aumento transitório da carga tributária;, sugeriu.
A proposta da elevação dos impostos foi completamente rechaçada pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. Ele considera que o objetivo principal não é cobrir o déficit de orçamento. ;Não é aumentando imposto que vamos conseguir isso. O que precisamos é fazer mudanças estruturais para resolver o problema do orçamento de forma definitiva. Nós temos que corrigir o problema da previdência, temos que corrigir a gestão da máquina pública. A carga tributária no Brasil é uma das mais altas do mundo de 36% a 37% sem retorno de benefícios correspondentes;, reclamou.
Andrade avalia que a solução seria o governo cortar gastos. ;Uma reforma administrativa, reduzir ministérios, reduzir trabalhadores comissionados. O governo tem onde cortar, pode não querer, mas tem;, salientou. Andrade admitiu que as empresas repassam os impostos para a sociedade pagar. ;O motivo que as empresas lutam para reduzir impostos é porque o produto fica mais caro e perde competitividade no mundo e aqui. O consumidor compra menos e aí não vêm os investimentos, empregos. Precisamos de medidas duras, se não vamos virar uma Grécia. Ou você vai pagar mais impostos simplesmente para tapar buraco?;, questionou.
O presidente da CNI acredita que a perda do grau de investimento do Brasil pode prejudicar e muito a situação das empresas e principalmente do governo que não terá como se financiar. ;Perde credibilidade, as empresas brasileiras precisam buscar recursos no exterior, fazer parcerias, comércio e tudo isso vai ficar mais difícil. Sem contar que vai ficar mais caro para o governo se financiar. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os bancos buscam capítal lá fora;. E acrescentou: ;não estamos fazendo o dever de casa. Precisamos mostrar para o mundo que estamos fazendo reformas que precisam ser feitas, reduzindo custos onde precisa. Se apenas mostrarmos que em vez de déficit de R$ 30 bilhões vamos ter superávit de 0,7% porque vamos tirar dinheiro de um lugar para colocar em outro, o mundo não vai ficar satisfeito com isso;, sentenciou.