Agência Estado
postado em 18/09/2015 17:35
O mercado financeiro operou nesta sexta-feira (18/9) sob forte estresse, em especial durante a tarde, em meio a rumores de que o Brasil está próximo de ter novamente sua nota de crédito cortada por agências de risco. O adiamento do anúncio dos dados de arrecadação em agosto, da manhã para a tarde de hoje, também criou ruídos no mercado e contribuiu para a tensão. E, com a proximidade do fim de semana, os investidores optaram pela cautela e foram em busca de proteção. Isso se traduziu na forte alta das taxas dos contratos futuros de juros. Pela manhã, investidores já citavam no Brasil uma percepção ruim sobre a economia e a política. Era um pouco do que se viu nos últimos meses. O ambiente piorou depois que a Receita gerou um ruído no mercado. Ao adiar a divulgação dos dados de arrecadação, de 10h30 para 15h30, o órgão fez o mercado especular que a mudança ocorria porque os dados seriam muito ruins. Oficialmente, a Receita alegou "problemas na elaboração do material" para adiar o anúncio.
[SAIBAMAIS] À tarde, uma nova onda de estresse surgiu após a divulgação de uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch (Bofa). O levantamento, feito com gestores internacionais que aplicam em países emergentes, mostrou que 90% deles acreditam que o Brasil perderá o grau de investimento de pelo menos duas agências de classificação de risco.
Como já perdeu o selo de bom pagador da Standard & Poor;s (S), falta a Moody;s ou a Fitch. Durante a tarde, investidores intensificaram a especulação neste sentido, com rumores de rebaixamento permeando várias mesas.
Na renda fixa, esses fatores atuaram para a disparada das taxas dos contratos futuros de juros, em um movimento intensificado por ordens de ;stop loss; e que resultou em uma forte inclinação positiva da curva a termo, o que mostra o grau de desconfiança em relação aos fundamentos do País. O DI para janeiro de 2016 fechou a sessão regular em 14,54%, ante 14,365% de ontem, enquanto o vencimento para janeiro de 2017 marcou 15,43%, ante 15,10%. O contrato para janeiro de 2021 indicou 15,73%, na máxima, ante 15,20%.
Na tarde de hoje, os dados de arrecadação, quando foram finalmente divulgados, não amenizaram as preocupações. Em agosto, o governo arrecadou R$ 93,738 bilhões, uma queda real de 9,32% na comparação com o mesmo mês de 2014. Houve queda nominal de 0,68% Foi o pior desempenho para meses de agosto desde 2010.