Antonio Temóteo, Rosana Hessel
postado em 24/09/2015 12:26
Enquanto o dólar batia nova alta recorde e encostava em R$ 4,22 na manhã desta quinta-feira (24/9), o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avisou que o BC não vai subir os juros para conter a volatilidade dos mercados. ;Queria reafirmar que a estratégia de política monetária é de manutenção da Selic (taxa básica da economia) em 14,25% (ao ano) por um período suficientemente prolongado;, avisou Tombini em pronunciamento que fez antes da entrevista coletiva do Relatório de Inflação, a última do diretor de Política Econômica Luiz Awazu Pereira da Silva, que está deixando o órgão para assumir a vice-presidente do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), conhecido como Banco Central dos Bancos Centrais, na Suíça.
[SAIBAMAIS];Essa é a estratégia do BC. A elevação das taxas de juros nos mercados futuros não servirá de guia para a política monetária nos próximos meses. A política monetária está reafirmando que a estabilidade da Selic será por um período suficientemente prolongado;, avisou Tombini. Enquanto o titular do BC falava e reforçava o objetivo do órgão, em perseguir a meta de inflação de 4,5% para o próximo ano, apesar de o mercado prever isso somente a partir do fim de 2017, o mercado dava sinais de recuo.
O dólar, ao fim do pronunciamento do chefe da autoridade monetária, estava em R$ 4,19, valor 1% ainda acima da cotação de R$ 4,14 da véspera. ;A ancoragem das expectativas pode estar contaminada por esse novo padrão de volatilidade e que podem tirar esse excesso de prêmio para os mercados financeiros para o Brasil;, disse. Ao longo dos comentários de Awazu, a divisa norte-americana continuou recuando e, pouco depois das 13h registrava queda de 1,38% em relação ao dia anterior, cotada a R$ 4,09.
Apesar de o BC ter realizando um leilão extraordinário de swap cambial de US$ 1 bilhão, Tombini não descartou o uso das reservas em moeda estrangeira, em torno de US$ 370 bilhões, para conter a forte volatilidade do câmbio. Ele citou esse colchão como um dos ;vários instrumentos adequados para um momento de maior stress para retirar os riscos da mesa;.
Segundo ele, haverá uma atuação em conjunto com o Ministério da Fazenda. ;Estamos analisando questões de liquidez e os eventuais excessos de volatilidade. E, nesse sentido, a atuação do Banco Central e do Tesouro tem que promover o funcionamento, independente da dinâmica de preço. Nesse processo, todos os instrumentos estão à disposição do BC e no raio de ação no seu período à frente;, completou, sem detalhar a estratégia a ser usada.