Agência Estado
postado em 25/09/2015 10:40
O banco Credit Suisse afirmou na quinta-feira, 24, em relatório, que a estratégia de proteção cambial adotada pela JBS deve impulsionar os resultados da companhia e tornar o terceiro trimestre de 2015 "memorável". A instituição estima que os derivativos da JBS contribuam com R$ 12,709 bilhões para o resultado financeiro líquido da companhia, que deve ficar positivo em R$ 5,281 bilhões no período. Os analistas Viccenzo Paternostro e Victor Saragiotto esperam que esse efeito cambial gere um lucro líquido maior em 2015, de R$ 5,012 bilhões. Já o fluxo de caixa livre do terceiro trimestre deve superar R$ 10 bilhões. Os cálculos assumem que o dólar permanecerá em R$ 4,15 até o fim de setembro.
No documento, os analistas lembram que 84% das receitas da JBS estão denominadas em dólar, mas que a administração já declarou não acreditar na estratégia do "hedge natural". Em função disso, a JBS preferiu montar uma posição de cerca de US$ 12 bilhões em derivativos. "Em outras palavras, a companhia comprou bilhões de dólares em contratos futuros e deve se beneficiar muito da depreciação do real (sem mencionar o impacto positivo disso sobre o Ebitda)", afirmam.
O Credit Suisse ressalva, porém, que o custo para manter o hedge está entre 11% a 12% ao ano, de modo que o lucro e o fluxo de caixa da companhia podem ser negativamente afetados em trimestres em que o real permanecer estável ou subir frente o dólar - como ocorreu entre abril e junho deste ano.
Se o cálculo do Credit Suisse se provar correto, a JBS vai mais do que compensar o resultado financeiro negativo de R$ 2,3 bilhões do trimestre passado, com desempenho líquido de R$ 3,044 bilhões desde o início do ano nesta linha do seu balanço. O banco manteve sua recomendação "outperform" (desempenho acima da média do mercado) no curto prazo para a JBS devido à melhora de Ebitda e aos ganhos em derivativos.
Ações
Por causa do efeito câmbio, o papel da JBS havia subido 4,55% até quarta-feira, 23. Na quinta, diante da queda na cotação, o papel mudou de direção e caiu 1,35%.
Além do dólar, operadores comentaram o impacto de notícias sobre um novo requerimento para convocação dos irmãos Wesley e Joesley Batista, controladores da companhia, para depor na CPI do BNDES. O banco de fomento é um dos principais sócios do grupo.