Agência Estado
postado em 29/09/2015 13:56
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) prevê que a atual conjuntura econômica e a valorização do dólar devem elevar os custos das empresas do setor aéreo em 24% nesse ano em relação ao ano passado. As receitas, por sua vez, devem expandir num ritmo bastante inferior, de 3,7%.O presidente da entidade Eduardo Sanovicz destacou que a disparada do dólar afeta principalmente os custos com combustível de aviação e leasing de aeronaves, e o ambiente competitivo do mercado de aviação impede o repasse desse aumento de custos aos clientes.
Sanovicz ressaltou ainda que a forte queda na demanda por passageiros corporativos vista neste ano também afeta as empresas, enquanto a demanda por passageiros de lazer não consegue compensar a perda. "O passageiro corporativo caiu pela metade. O de lazer, nesse mês, já ficou claro que não irá repor mais", disse o executivo nesta terça-feira (29/9). "E a tendência é que nos próximos três meses isso não aconteça."
Déficit
O presidente da Abear ainda destacou que, em 2014, o déficit de caixa das empresas do setor aéreo ficou em R$ 1,9 bilhão e, em função da variação cambial, esse déficit deve avançar de maneira significativa em 2015 e 2016.
Segundo modelagem da associação, as empresas devem fechar o ano de 2015 com déficit de caixa de R$ 7,3 bilhões, enquanto, em 2016, esse déficit deve variar entre R$ 11,4 bilhões e R$ 12,1 bilhões, de acordo com taxa de câmbio. A Abear trabalha com uma cotação do dólar entre R$ 3,88 e R$ 4,44 no ano que vem.
Para Sanovicz, a conjuntura econômica e o dólar alto "põem em risco uma década de conquistas" do setor aéreo. Ele informou ainda que a associação irá se reunir na quinta-feira, 01, com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy para apresentar uma série de propostas que visa o enfrentamento das dificuldades econômico-financeiras vividas pelo setor.
Uma das medidas envolve a precificação do querosene de aviação (QAV). A entidade irá solicitar que os preços sejam alinhados ao mercado internacional. Atualmente, segundo Sanovicz, fica entre 40% e 50% acima do verificado no exterior. Ainda em relação ao combustível, a Abear irá solicitar a eliminação da incidência de ICMS, o que gera diferenças de preços de acordo com o Estado em que se abastece. "O Brasil é o único País do mundo com taxas regionais do QAV", destacou