Economia

Alta do dólar faz aumentar endividamento de empresas no mercado externo

Em junho, do total das dívidas das empresas, 32,2% foram contraídas no mercado externo. Em dezembro a participação estava 28,9%

postado em 01/10/2015 16:35
O endividamento das empresas no mercado externo aumentou devido à alta do dólar, diz o Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado hoje (1;/10) pelo Banco Central (BC). Em junho, do total das dívidas das empresas, 32,2% foram contraídas no mercado externo. Em dezembro a participação estava 28,9%.

Segundo o relatório, esse incremento ocorreu como consequência da variação cambial no período e não de novas captações no exterior. Na publicação, o BC ressalta que o endividamento das empresas em moeda estrangeira é exemplo de situações que demandam atenção especial. No entanto, diz o BC, parte significativa dessa dívida é de empresas exportadoras que, naturalmente, têm mecanismos financeiros de proteção cambial (hedge).

Além disso, o BC destaca que o mercado oferece proteção às empresas contra as fortes oscilações do dólar. E há corporações que pertencem a um grupo econômico com sede no exterior, o que aumenta a possibilidade de suporte financeiro intragrupo, bem como firmas com ativos no exterior em montante relevante, que podem compensar ou justificar economicamente a exposição em moeda estrangeira.



;O grupo de devedores que não tem proteção cambial relevante e conhecida é restrito;, ressalta o relatório. A exposição em moeda estrangeira dessas empresas sem proteção aumentou de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB), em dezembro de 2014, para 3,3%, em junho de 2015.

;Para esse grupo de empresas não exportadoras, sem hedge financeiro identificado, sem suporte intragrupo e sem ativos no exterior, o impacto da variação cambial em suas dívidas pode resultar em fragilidade financeira e, ainda que até o momento não tenha se traduzido em aumento de sua inadimplência no Sistema Financeiro Nacional, trata-se de situação continuamente monitorada;, diz o Banco Central.

Segundo o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, esse ;percentual pequeno; de empresas sem proteção cambial conhecida ;dá conforto;, mas o banco sempre olha o assunto com atenção.

[SAIBAMAIS] Ao apresentar o relatório, Meirelles defendeu as operações de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Ele disse que os swaps proporcionam proteção às empresas e investidores em momento de forte oscilação do dólar.

;Evitam que empresas quebrem, não tenham condições de suportar esse movimento de volatilidade ou uma fuga de investidores;, explicou. Meirelles disse que para cada real de prejuízo do BC com as operações, há ganhos entre R$ 3,5 e R$ 4, devido à valorização das reservas internacionais.

Nessa operação, o banco vende contratos de troca de rendimento no mercado futuro. Apesar de serem em reais, as operações são atreladas à variação do dólar. No swap cambial, a autoridade monetária aposta que o dólar subirá mais que a taxa DI (taxa de depósito interbancário, que é cobrada em transações entre bancos). Os investidores apostam o contrário. No fim dos contratos, ocorre uma troca de rendimentos (swap) entre as duas partes. Quando o dólar sobe, o BC tem prejuízo proporcional ao número de contratos em vigor. Quando a cotação cai, os investidores deixam de lucrar.

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