Agência France-Presse
postado em 05/10/2015 14:16
Diretores agredidos, com as roupas esfarrapadas, escaparam por pouco de serem linchados por funcionários irados após o anúncio nesta segunda-feira (05/10) pela Air France de uma nova restruturação que ameaça 2.900 empregos.
O diretor de recursos humanos da Air France, Xavier Broseta, ficou sem sua camisa e foi forçado a escalar uma cerca para escapar dos manifestantes que invadiram uma reunião com os sindicatos.
Outro diretor, Pierre Plissonnier, responsável pela atividade de longo curso, escapou por pouco do mesmo destino, camisa rasgada entre dois agentes da segurança na sede da empresa no aeroporto de Roissy, em Paris.
Sete pessoas ficaram feridas, uma delas gravemente, de acordo com a direção da empresa, que anunciou a sua intenção de apresentar uma queixa.
Em viagem ao Japão, o primeiro-ministro francês Manuel Valls disse estar "indignado" por esta "violência inaceitável". "A violência física merece ser punida", acrescentou em Paris o ministro dos Transportes, Alain Vidal. "É muito negativo em termos de imagem para a companhia e para o país (...) Não podemos permitir que os investidores estrangeiros tenham medo de ser agredidos", lamentou um responsável do patronato francês.
As imagens de dirigentes de uma empresa-vitrine para a França sendo agredidos por manifestantes surgem num momento em que o governo se esforça para atrair investidores.
O Estado francês reforçou este ano a 17,6% sua participação na Air France-KLM, principal companhia aérea europeia ao lado da Lufthansa alemã. O plano "alternativo" apresentado nesta segunda foi implantado pela direção após o fracasso das negociações com os sindicatos de pilotos, que rejeitaram o aumento das horas de trabalho.
O plano de reestruturação se refere a 300 pilotos, 900 aeromoças e comissários de bordo e 1,7 mil de empregados em terra. A direção havia mencionado na sexta-feira ao conselho administrativo que quase 2.900 postos de trabalhos seriam suprimidos.
O presidente da Air France, Frédéric Gagey, confirmou também que cinco aviões serão retirados da frota ao longo de 2016 e outros nove em 2017. A companhia tem atualmente 107 aviões na rede. A Air France também anunciou o fechamento de várias linhas e a redução da frequência dos voos em outras, segundo fontes sindicais.
Três sindicatos da companhia convocaram greve nesta segunda e quase todos participaram da manifestação organizada na sede da empresa durante a realização do Comitê. "O que nós vimos esta manhã não representa a Air France", declarou o CEO da Air France, Frédéric Gagey. Vários sindicatos franceses denunciaram a violência.