Agência Estado
postado em 05/10/2015 17:18
O dólar voltou a perder força ante o real e fechou em baixa de 1,14% nesta segunda-feira, (5/10) cotado a R$ 3,901 no mercado à vista, menor cotação desde 17 de setembro. A combinação entre o noticiário político escasso e o bom desempenho dos mercados internacionais contribuiu para a desvalorização da moeda norte-americana, embora os investidores permaneçam cautelosos com o cenário doméstico. O dólar operou em baixa durante praticamente todo a sessão de negócios, com os investidores reduzindo posições compradas que vinham mantendo nos últimos dias. Na última sexta-feira, o anúncio da reforma ministerial - que ampliou os poderes do PMBD no governo - e das medidas de contenção de gastos do governo acabou sendo bem recebido no mercado e levou o dólar à vista a uma queda de 1,18%. Com o cenário internacional exercendo influência positiva, o mercado deu continuidade hoje ao movimento de sexta-feira.
As bolsas europeias e norte-americanas operaram em forte alta durante todo o dia, apoiadas na expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) manterá a taxa básica de juros próxima de zero até 2016. Ao mesmo tempo, os investidores internacionais esperam mais estímulos econômicos na Europa e na China, o que impulsionou os ativos nesses mercados. Com o dólar em baixa frente a diversas moedas, a tendência foi reforçada por aqui. Na mínima do dia, a cotação de venda chegou a R$ 3,88 no mercado à vista (-1,34%).
Pela manhã, um dos principais destaques ficou por conta da fala do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ele afirmou que, após a reforma ministerial, o Brasil tem condições de "focar em trazer a estabilidade fiscal". "A presidente Dilma está muito focada nesse assunto. Temos amanhã a votação dos vetos. Cada veto que é mantido é um imposto a menos que temos que pagar e um passo a frente em a gente voltar a crescer", afirmou Levy, após participar de seminário da Fundação Getulio Vargas (FGV).
[SAIBAMAIS] Levy disse ainda que a CPMF tem mostrado papel importante no processo de ajuste fiscal, assim como foi relevante em 1999, mas o tributo deve ser provisório. A declaração de Levy contraria Marcelo Castro, que na sexta-feira, ao ser anunciado como novo ministro da Saúde, defendeu que o tributo fosse permanente e incidisse sobre operações tanto de débito quanto de crédito.
Apesar da relativa calmaria do mercado nesta segunda-feira, é esperada uma agenda pesada de definições para os próximos dias. Para amanhã está prevista a sessão conjunta do Congresso que apreciará os vetos presidenciais. Também é esperada para esta terça-feira a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre ação que pede a impugnação da candidatura da presidente Dilma Rousseff. Na quarta-feira deve acontecer a sessão do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as contas do governo em 2014, inclusive no que diz respeito às pedaladas fiscais.
Há fortes incertezas quanto aos próximos passos do TCU, uma vez que o governo pede o afastamento do relator do processo, Augusto Nardes. Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Nardes disse que permanece "firme" na relatoria do processo de análise.