Economia

Governo teme que Moody's classifique os títulos do país como especulativos

No segundo semestre a Fitch e Standard & Poor's rebaixaram classificação de risco

Paulo Silva Pinto
postado em 16/10/2015 07:07
Restam agora só alguns milímetros entre o Brasil e o abismo para as grandes agências de classificação de risco. A Fitch Ratings reduziu ontem (15/10) a nota dos títulos do governo de BBB para BBB-, com perspectiva negativa, o que coloca os papéis apenas um degrau acima da categoria ;lixo;. A Standard & Poor;s já retirou o grau de investimento do país no mês passado. A Moody;s ainda mantém o selo de bom pagador do Brasil, mas apenas um patamar acima do grau especulativo. A agência, que reduziu a nota do país em agosto, transformou-se, agora, no foco maior de preocupação do governo.

[SAIBAMAIS]Caso a Moody;s decida reduzir a nota mais uma vez, o país levará um tombo. Sem o grau de investimento conferido por, pelo menos, duas agências de risco, fundos de investimento internacionais, incluindo os maiores fundos de pensão dos Estados Unidos, ficam proibidos de comprar títulos brasileiros. Com isso, o país perderá acesso a uma importante fonte de recursos e o financiamento dos débitos do governo e das empresas nacionais ficará muito mais caro. Ontem, aliás, a Fitch rebaixou várias companhias do país.

Em comunicado assinado pelo diretor Tony Stringer, chefe do comitê que analisou o caso do Brasil, a Fitch destacou que os impasses políticos que o país atravessa bloqueiam a solução dos problemas fiscais e a volta do crescimento econômico. ;As dificuldades do ambiente político estão impedindo o progresso da agenda legislativa proposta pelo governo, criando uma retroalimentação negativa para toda a economia;, afirmou o texto.



Para Carlos Braga, professor de política econômica internacional do IMD, escola suíça de negócios, o país está longe de uma solução para essas questões. ;A crise é consequência do modelo de desenvolvimento escolhido pelo governo nos últimos anos, que não era sustentável. Além disso, hoje, a situação econômica mundial não é favorável ao Brasil, com a redução do preço das commodities. Para completar, a crise política gera incertezas;, disse Braga.

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