Economia

Cidades que receberam montadoras vão da euforia ao desalento

Só neste mês, a Mitsubishi dispensou 520 pessoas em Catalão (GO). E fez acordo para, a cada dia, mandar mais uma para casa

Rodolfo Costa - Enviado especial
postado em 18/10/2015 08:01

Catalão (GO) ;
O ronco dos motores está engasgando. Sem crescimento econômico, a indústria colocou o pé no freio nos investimentos e provocou demissões em massa, principalmente no segmento automotivo. Outrora responsável por proporcionar melhores oportunidades de emprego no Centro-Oeste, a indústria cabocla, resultado da desconcentração da economia área urbana para o campo, encontra-se arrancando aos poucos as esperanças de milhares de famílias. É o caso de César Ramos Sobrinho, 47 anos, dispensado pela gigante japonesa Mitsubishi no início de outubro. ;Tento até não pensar na perda do meu emprego para não cair em depressão;, admite.

A montadora, instalada desde 1997 no município, mandou para a rua neste ano 700 funcionários, sendo 520 no início de outubro. Em junho, a empresa empregava cerca de 3 mil trabalhadores, segundo números divulgados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (Simecat). O cenário, no entanto, tende a se agravar. Em acordo firmado com os representantes sindicais, a companhia pode dispensar um trabalhador por dia durante os próximos seis meses ; totalizando mais 180 desligamentos. A economia toda da cidade sofre com os efeitos secundários disso e do revés em outra atividade primordial ali, a mineração (Veja na página 10).



Com a perda do emprego de preparador de pintura, Ramos foi privado dos R$ 1,9 mil de salário, dos R$ 300 de vale-refeição, e do plano de saúde para ele e a família. ;O sentimento é que meus sonhos foram destruídos;, diz. A expectativa dele, da mulher, Roseli Freire, 48, e da filha, Karen Ramos, 21, era de terminar a casa, que ainda precisa de reboco, pintura e piso. ;Ainda faltam R$ 25 mil para isso;, estima.

Para a família, o comércio de venda de salgados ; que antes era um ganho extra ;, será a única fonte de renda nos próximos meses. Karen e Roseli também estão desempregadas. O que entrar no caixa deverá pagar a prestação do lote, de R$ 600, e custear a alimentação de todos, prioritariamente da neta de Ramos, Yasmin, de apenas 7meses. ;É uma situação que está nos levando ao desespero;, afirmam.

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