No país dos atrasos, das 15 obras de infraestrutura prioritárias, que juntas representam mais de R$ 836 bilhões em investimentos, nenhuma está com o cronograma em dia. Estudo da Consultoria KPMG baseado em 1,5 mil projetos importantes elencou os principais empreendimentos de logística em transportes, telecomunicações, energia, mobilidade urbana e saneamento que poderiam garantir aos brasileiros condições mais dignas de vida e às empresas nacionais, maior competitividade. Contudo, nem mesmo a urgência de tais obras consegue vencer as faltas de planejamento e de capacidade técnica do governo. Em alguns casos, os projetos ainda não saíram do papel. Em outros, sequer deixaram a esfera das ideias.
Érico Giovannetti, diretor de Gerenciamento de Projetos da KPMG, explica que a consultoria utilizou critérios de relevância social para chegar às 15 obras prioritárias (leia quadro ao lado). Foi considerado um relatório do Banco Mundial, que faz o ranking conforme a importância social das obras, e aplicadas as megatendências para 2030 da própria KPMG, que mostra quais as principais pressões vão impactar os governos, como a escassez de recursos naturais.
;Num segundo momento, analisamos por que os projetos fracassam, com tantos atrasos e custos sempre mais elevados do que os inicialmente previstos;, assinala Giovannetti. Para o diretor da KPMG, a conclusão é que falta planejamento e os projetos básicos, nos quais são embasadas licitações e concessões são muito fracos. ;O tempo de maturação é insuficiente para considerar situações climáticas ou pressões por licenciamento. Os cronogramas precisam ser mais realistas;, diz.
A Ferrovia Norte-Sul (FNS), por exemplo, começou há mais de 30 anos. Projetada para promover a integração nacional, ligando Barcarena (PA) a Rio Grande (RS), a linha foi iniciada na década de 1980. Hoje, dos 4.787km previstos, apenas 719km estão em operação, entre Açailândia (MA) e Palmas. Outros 860km, entre Palmas e Anápolis (GO), foram concluídos apenas no ano passado. A maior parte dos trechos (1.785km) ainda nem saiu do papel e 1.400km estão em construção ou ainda na fase de estudos.
Na avaliação de Fernando Marcondes, presidente do Instituto Brasileiro de Direito da Construção (Ibdic), o cenário da infraestrutura no país é muito desanimador. ;O Brasil precisa de capital estrangeiro. Mas os marcos regulatórios, sobretudo de ferrovias e de portos, não têm regras claras e afastam os investidores. Por isso, nossa logística está atrasada 40 anos;, destaca. ;Do programa do governo, os projetos ferroviários não andaram nada;, emenda.
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