Economia

Investimento Direto no País soma US$ 6,037 bi e supera previsões

O resultado ficou acima do teto das estimativas apuradas pelo AE Projeções, que iam de US$ 3,4 bilhões a US$ 6 bilhões, com mediana de US$ 4,5 bilhões

Agência Estado
postado em 23/10/2015 12:00
Os Investimentos Diretos no País (IDP) foram mais que suficientes para cobrir o rombo nas contas externas. Segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (23/10), pelo Banco Central, esses recursos trazidos por estrangeiros e que são destinados para o setor produtivo somaram US$ 6,037 bilhões em setembro, deixando uma sobra de quase US$ 3 bilhões.

O resultado ficou acima do teto das estimativas apuradas pelo AE Projeções, que iam de US$ 3,4 bilhões a US$ 6 bilhões, com mediana de US$ 4,5 bilhões.

No ano até setembro, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo soma US$ 48,211 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses até o mês passado, o saldo de Investimento Estrangeiro ficou em US$ 71,807 bilhões, o que representa 3,79% do Produto Interno Bruto (PIB).

Com a mudança, o Banco Central introduziu nas estatísticas o conceito de "lucros reinvestidos" - que ocorre quando uma empresa obteve um lucro e decide manter esses recursos no Brasil em vez de repatriá-lo para a matriz. Essa nova conta tem impacto no registro de IDP, mas não afeta o fluxo cambial. Em setembro, os lucros reinvestidos ficaram negativos em US$ 235 milhões.

Investimento em ações

O investimento estrangeiro em ações brasileiras ficou positivo em US$ 276 milhões em setembro. Em igual mês do ano passado, o resultado havia sido maior, de US$ 660 milhões. No ano até setembro, o saldo está no azul em US$ 10,403 bilhões.

Para o ano completo, o BC projeta de que a aplicação nesses papeis somem US$ 11 bilhões. As aplicações em ações negociados no país somaram US$ 625 milhões. Já as negociadas no exterior (ADRs) registraram um saldo negativo de US$ 14 milhões.

Renda Fixa
O saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no país ficou negativo em US$ 3,605 bilhões em setembro e positivo em US$ 15,114 bilhões no acumulado de 2015 até o mês passado, conforme o Banco Central. Em igual mês do ano passado, essas aplicações somavam US$ 3,562 bilhões.



O aumento da procura por esses títulos teve início em junho de 2013, quando o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeira (IOF) sobre esse tipo de aplicação. Mais recentemente, o ciclo de aperto monetário aumentou o diferencial de juros entre o Brasil e o restante do mundo, tornando as aplicações brasileiras de renda fixa mais interessantes para os estrangeiros.

O investimento em títulos negociados no exterior ficou positivo em US$ 1,529 bilhão em setembro e negativo em US$ 5,773 bilhões no ano até o mês passado.

Taxa de rolagem
O Banco Central informou também que taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazos captados no exterior ficou em 205% em setembro. Esse patamar significa que houve valor bem mais do que suficiente para honrar compromissos das empresas no período. O resultado ficou bem acima também do verificado em setembro do ano passado, quando a taxa havia sido de 87%.

De acordo com os números apresentados, a taxa de rolagem dos títulos de longo prazo, que até a nota apresentada em abril com números de março tinham a nomenclatura de "bônus, notes e commercial papers" ficou em 257% em setembro. Em igual mês de 2014 havia sido de 91%. Já os empréstimos diretos conseguiram uma cobertura de 175% no mês passado ante 86% de setembro do ano passado.

No ano, a taxa de rolagem total ficou em 108%. Os títulos de longo prazo tiveram taxa de 72% e os empréstimos diretos, de 119% no período.

Fundos de investimento
Logo após a notícia de rebaixamento da nota soberana do Brasil, em 9 de setembro, pela agência de classificação de riscos Standard & Poors, os fundos de investimento apresentaram saques maiores do que depósitos no país. Em setembro, as retiradas somaram US$ 335 milhões, fruto de ingressos de US$ 410 milhões e saídas de US$ 745 milhões.

Em agosto, o resultado ainda estava positivo em US$ 181 milhões e, em julho, o saldo positivo foi de US$ 624 milhões. Em setembro do ano passado, o resultado era positivo em US$ 110,1 milhões. Ao longo de todo o ano passado, o resultado ficou no azul em US$ 900 milhões. A última vez que essa rubrica tinha apresentado volume de saídas maior do que o de entradas foi em junho deste ano, no valor de US$ 235,1 milhões. O mês com a maior da nova série histórica do BC retirada foi em abril de 2014, de US$ 881,5 milhões.

Quando um país perde o selo de grau de investimento, os fundos ficam mais reticentes em enviar recursos para o local porque há regras específicas que impedem aplicações em locais que não têm o título de bom pagador por pelo menos duas agências, o que ainda ocorre no país. No último dia 15, a Fitch também rebaixou o Brasil em um degrau, mas manteve o investment grade, apesar de ter deixado o país em perspectiva negativa.

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