As famílias estão gastando cada vez mais para se deslocarem. Encher o tanque do carro ou recorrer ao transporte público, tudo ficou mais caro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação do grupo de transportes ; um dos nove que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ; registrou aumento de 9,5% nos 12 meses terminados em outubro. Foi a maior alta desde fevereiro de 2006, quando chegou a 9,7%. No mês, a taxa subiu 1,72%, a mais elevada desde fevereiro deste ano, puxada sobretudo pelos aumentos dos combustíveis.
Há semelhanças entre as pressões dos transportes no IPCA de fevereiro e de outubro. No segundo mês do ano, quando a inflação de transportes saltou 2,20%, o movimento foi puxado pelo aumento nas alíquotas do PIS/Cofins e pelos reajustes de tarifas de ônibus urbanos em oito capitais. Em outubro, o incremento dos preços combustíveis, de 6,09% nas bombas, foi acompanhado da disparada das passagens aéreas, de 4,01%.
;Os consumidores estão ficando sem opção;, admite Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Partners. Para ele, a inflação deste ano passará de 10% e, em 2016, ficará muito próxima de 7,5%. ;Não haverá alívio tão cedo. Nem mesmo o aprofundamento da recessão será suficiente para levar o custo de vida para o centro da meta, de 4,5%, como promete o Banco Central. As tarifas públicas continuarão subindo e haverá o impacto defasado do câmbio;, afirmou.
Em Brasília, a carestia foi sustentada pelo governo local, que, para engordar o caixa, reajustou as passagens de ônibus e de metrô. Pelos cálculos do IBGE, as tarifas de ônibus urbano aumentaram, em média, 23,08% no mês passado. Em Porto Alegre, os ônibus intermunicipais ficaram 9,04% mais caros. O jeito, ressaltaram os especialistas, é colocar todos os gastos no papel e ver qual é a melhor opção: transporte público ou carro. Encher um tanque de 45 litros com gasolina custa hoje, em Brasília, R$ 170.
Mais ICMS
As despesas com transportes permanecerão pressionando o orçamento das famílias. Na primeira semana de novembro, a gasolina subiu 4,46%, informou ontem o Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Com isso, o Índice de Preços ao Consumidor ; Semanal (IPC-S) avançou 0,78% na primeira prévia de novembro, taxa 0,29 ponto percentual maior que a registrada no mesmo período do ano anterior.
Entre as cinco despesas com as maiores altas no período, quatro são controladas pelo governo. Somente o etanol não pertence ao grupo dos preços administrados, mas, como 27% da gasolina se referem ao combustível verde, a queda na produção de cana-de-açúcar acabou influenciando o derivado de petróleo. Na avaliação de Paulo Piquet, economista do Ibre-FGV, pode haver desaceleração nos aumentos dos combustíveis nas próximas semanas, pois haverá a absorção total do reajuste anunciado pela Petrobras no fim de setembro.
;O pico do reajuste autorizado pela estatal provocou um choque maior na inflação em outubro. Acreditamos que, ao longo das próximas semanas, exercerá pressão menor;, disse Piquet. Ele destacou que, enquanto a gasolina ficou 5,27% mais cara em outubro, na primeira semana de novembro a alta desacelerou para 4,46%. Porém, o economista chamou a atenção para o fato de, em 1; de novembro, ter entrado em vigor a elevação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 18 estados e no Distrito Federal. Os postos estão repassando de R$ 0,10 a R$ 0,12 aos consumidores. ;Esse movimento ainda não foi captado pela nossa coleta, e será observado ao longo do mês;, assinalou.
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