Economia

Desemprego: situação de trabalhadores deve se agravar, diz especialista

Taxa do terceiro trimestre chega a 8,9%, a mais alta desde o início da série em 2012, com 9 milhões de pessoas à procura de ocupação. Na região, passou de 8,6% para 10,8%

postado em 25/11/2015 10:57
A taxa de desemprego deu um salto e chegou a 8,9% no terceiro trimestre ; é a mais alta da série, iniciada em 2012 ;, atingindo 9 milhões de pessoas. A desocupação está disseminada, cresceu em 22 das 27 unidades da Federação, mas bateu com mais força na Região Nordeste, onde pulou de 8,6% de julho a setembro de 2014 para 10,8% no mesmo período deste ano. A estatística é liderada duplamente pela Bahia: é o estado com a maior taxa de desemprego (12,7%) e Salvador é a cidade com o maior índice (16,1%). Na outra ponta estão o estado de Santa Catarina, com a menor taxa (4,4%), e a cidade do Rio de Janeiro (5,1%). No trimestre imediatamente anterior (abril a junho), a taxa nacional estava em 8,3%, e, no mesmo período do ano passado, em 6,8%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad contínua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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[SAIBAMAIS]Apesar de esse ter sido o maior crescimento da população desocupada na comparação anual, a ocupada ficou estável em 92,1 milhões de pessoas ; 35,4 milhões com carteira de trabalho assinada. O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, destaca que houve um crescimento de 2,1% na força de trabalho e que por esse motivo a situação ainda deve se agravar.;A taxa de desocupação deve atingir os dois dígitos logo. A piora se dá pelo aumento de pessoas no mercado de trabalho;, ressaltou.

O professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-EPGE) Antônio Carlos Porto Gonçalves prevê que a taxa ultrapasse os 10% já no primeiro semestre de 2016. ;Não está fácil arrumar trabalho porque a economia está afundada; as empreiteiras, quebradas; e a corrupção piora muito essa situação;, avaliou. ;Esse é o governo do triplo 10: mais de 10% de inflação, mais de 10% de taxa de juros e em breve mais de 10% de desemprego;, disse. Na opinião de Porto, a população ocupada só não está caindo porque as pessoas estão se inserindo no mercado por conta própria. ;Se for muito pobre, vai vender café no ponto de ônibus para não deixar de trabalhar;, disse.



Segmentos
Com relação aos setores pesquisados, a Pnad contínua mostrou que a indústria cortou 519 mil pessoas, seguida pela construção civil com 302 mil. A engenheira civil Maria Julia Colombo, 25 anos, é um exemplo dessa realidade. Está desempregada desde abril. Ela trabalhou numa incorporadora durante quatro anos. ;Está muito difícil para quem procura emprego e também para quem está trabalhando. A tensão é constante. Já falei com várias pessoas. Fiz sete entrevistas, mas em algumas as vagas foram extintas e em outras preferiram contratar estagiários. Os empregos que aparecem pagam salários miseráveis;, contou.

Situação semelhante vive a arquiteta Juliana Feo Neto, 25 anos. Ela perdeu o emprego no mês passado. ;Trabalhei em um escritório por dois anos. Com a quebra de construtoras, a demanda caiu. No ano passado, fizemos projetos para restaurantes dos aeroportos inaugurados na Copa. Éramos 30 funcionários. Hoje não passam de 10;, revelou.

Juliana e Maria Julia fazem parte da faixa etária onde se encontra o maior número de brasileiros desempregados: adultos de 25 a 39 anos (37%), seguido dos jovens de 18 a 24 anos com 33,1%. ;A população mais jovem é a que mais procura trabalho;, contatou Adriana Beringuy, economista e coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Ela chama a atenção para a queda no rendimento médio real: passou de R$ 1.890 em 2014 para R$ 1.889 neste ano. ;Essa estabilidade indica que a tendência de alta dos últimos anos se inverteu;, considerou. As cidades de maior renda no país são Vitória (R$ 3,7 mil) e Brasília (R$ 3,5 mil). Na capital federal, o desemprego atingiu 10,3%, contra 9,6% do segundo trimestre e 8,9% do mesmo período de 2014. ;No Centro- Oeste a população desocupada cresceu 41,3% de um ano para o outro. Atualmente, 594 mil pessoas estão procurando trabalho, principalmente na agricultura e na construção;, disse.

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