Economia

Reservas cambiárias da China caem ao menor nível em três anos

No total, estas reservas caíram 404 bilhões de dólares desde o início do ano, apesar de continuarem a ser as maiores do mundo

Agência France-Presse
postado em 07/12/2015 15:56
As colossais reservas cambiárias da China caíram em novembro ao menor nível em três anos, segundo cifras oficiais publicadas nesta segunda-feira (7/12), devido à política de venda em massa de dólares para sustentar o iuane.

No final de novembro, as reservas chinesas somavam 3,43 trilhões de dólares, seu nível mais baixo desde fevereiro de 2013 e em baixa de 87,2 bilhões de dólares em relação ao mês anterior, informou a administração do Estado encarregada do mercado de câmbios (Safe).

No total, estas reservas caíram 404 bilhões de dólares desde o início do ano, apesar de continuarem a ser as maiores do mundo. Em parte, isso se deve às flutuações no mercado de câmbio, que reduziram em cerca de 30 bilhões de dólares o valor dos haveres chineses em outras divisas - euros, ienes -, segundo estima Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics. Mas também obedece às políticas de Pequim para sustentar a sua divisa.



Pequim surpreendeu os mercados mundiais em agosto ao desvalorizar subitamente o iuane frente ao dólar em 5%, explicando que havia modificado seu sistema de cálculo da taxa de referência de sua moeda. Essa decisão gerou desconfiança e pressões negativas sobre o iuane, e obrigou ao Banco Central chinês (PBOC) a intervir ativamente para estabilizar a moeda.

Essa estabilidade era considerada crucial para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) autorizasse a inclusão do iuane na cesta de divisas da instituição, o que aconteceu no final de novembro, dando assim o estatuto de moeda de reserva.

Evitar saída de capitais
Para evitar fugas descontroladas de capitais, Pequim impõe fortes restrições aos movimentos de fundos para o exterior, e controla sua própria divisa: o iuane somente pode flutuar em relação ao dólar em uma margem de 2% em torno de uma taxa-base oficial.

Apesar dessas restrições, os fluxos de capitais continuam saindo da China por diversos canais, estimulados pela piora da conjuntura econômica e pela antecipação geral de uma desvalorização gradual do iuane.

Essas saídas de capitais também são alimentadas pela crescente divergência das políticas monetárias da China - onde o PBOC multiplica as flexibilizações monetárias para estimular a economia- e dos Estados Unidos, onde o Federal Reserve pretende aumentar os juros, tornando mais atraentes os investimentos em dólares.

Agora que o FMI aceitou incluir o iuane en sua cesta de reservas, alguns operadores acham que a China pode deixar que sua moeda se desvalorize, reduzindo, assim, suas intervenções.

O analista Julian Evans-Pritchard não acredita, entretanto, nessa possibilidade: "Embora o iuane desvalorizado estimule a competitividade dos exportadores chineses, o PBOC teme que uma desvalorização muito forte prejudique os esforços de Pequim para estender o uso do renminbi no mundo e para reequilibrar sua economia", assegura.

Também não se pode esquecer que as autoridades chinesas prometeram "uma livre conversibilidade" do iuane antes de 2020. As reservas de ouro da China eram estimadas no final de novembro em 59,52 bilhões de dólares, contra 63,26 bilhões um mês antes, segundo a Safe, devido à queda dos preços deste metal.

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