Economia

Presidente da CNI: crise econômica depende de solução da crise política

A entidade sinalizou preocupação com o fato deste ano ter sido muito ruim para a economia e que as expectativas para 2016 não são positivas na conjuntura geral

Rosana Hessel
postado em 16/12/2015 12:35
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o país entrou num ciclo vicioso de pessimismo onde o empresário não investe e o consumidor não consome diante do medo de perder o emprego. ; A crise econômica depende de uma solução da crise política. Mas a gente não enxerga um horizonte para ela ser resolvida da crise política e a crise política a curto prazo, a médio ou a longo prazo;, desabafou.



[SAIBAMAIS]A entidade sinalizou preocupação com o fato deste ano ter sido muito ruim para a economia e que as expectativas para 2016 não são positivas na conjuntura geral. ;O ano foi marcado por muita dificuldade para enfrentar a agenda de ajuste esperada desde o fim do ano passado. Essa dificuldade gera incerteza, e, infelizmente, tivemos um ajuste incompleto;, destacou o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, que atribuiu a demanda doméstica, principalmente, o consumo das famílias e do investimento. Aliás, o investimento, principal motor para que um país tenha crescimento sustentável, continuará em queda, pelas estimativas da CNI. Depois de encolher 4,5%, em 2014, a taxa de formação bruta de capital fixo deverá despencar 15,5%, neste ano, e cair 12,3%, no ano que vem. A queda do consumo das famílias deverá se aprofundar, recuando 1,2%, em 2015, e 2,3%, em 2016. De acordo com o presidente da CNI, é preciso mudar as regras do regime de partilha para atrair investidores. ;Existem empresas estrangeiras interessadas em investir no país, principalmente, no setor de petróleo, mas nenhuma delas quer ser parceira da Petrobras (que está no meio das investigações da Operação Lava-Jato), que está com capacidade reduzida de investimento;, destacou.

Castelo Branco lembrou que houve poucos avanços na agenda pró-competitividade de longo prazo, o que acabou refletindo na queda da participação da indústria na atividade econômica. ;O setor industrial segue a perda de participação na economia. A participação passou de 23,3% do PIB em 2010, para 19,9%, em 2015. E a indústria da transformação está abaixo de 10%;, disse.

Impeachment
Em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff,Andrade destacou que espera que o processo corra ;o mais rápido possível;, sem entrar no mérito se a entidade é a favor ou contra o impedimento da chefe do Executivo. "A economia brasileira está dilacerada e não há coesão dentro dos maiores partidos. Se por acaso tiver o impeachment e o vice Michel Temer, ele terá um período de graça e benevolência para fazer as medidas necessárias. Mas esse prazo não será longo porque os brasileiros estão muito impacientes. Não dá para esperar muito tempo", disse ele avisando que a entidade vai trabalhar com o resultado que o Congresso Nacional der ao processo.

Reformas
O diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes, destacou a necessidade de reformas estruturais para que as contas do governo se reequilibrem e a confiança volte ao setor produtivo para que a economia volte a crescer. ;É importante que tenhamos capacidade de consolidar uma solução fiscal ao longo do tempo, com um conjunto de reformas que já vem sendo tratado, como a da Previdência e o fim de regras de gastos automáticos que dificultam o ajuste fiscal. O ajuste fiscal não é suficiente. Ele deve ser complementado para a melhoria do ambiente de negócios na economia brasileira e, para isso, o que não falta é agenda;, resumiu.

Segundo o economista Castelo Branco, o governo continuará com as contas desequilibradas. O resultado primário, que foi negativo em 0,6% do PIB em 2014, poderá ser positivo em 0,40% neste ano se não houver a contabilização das pedaladas fiscais de 2015, mas voltará ao vermelho em 2016. ;A menos que ocorram mudanças na tributação e cortes profundos de gastos, o deficit primário permanecerá em 2016;, avisou Castelo Branco.

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