Economia

Levy: Dilma está dividida entre reformas para o ajuste fiscal e impeachment

Ministro fez um balanço de 2015 e afirmou que o ano "foi muito difícil" e reconheceu que seu trabalho "não foi concluído"

Rosana Hessel
postado em 18/12/2015 14:19
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante café da manhã com jornalistas nesta sexta-feira (18/12) reiterou várias vezes a necessidade de o país realizar as reformas estruturais para que a economia volte a crescer. No entanto, ele reconheceu que, em meio ao processo de impeachment, as reformas para o ajuste fiscal podem ficar para segundo plano para a presidente Dilma Rousseff. ;A presidente está envolvida em outro processo e isso, evidentemente, subtrai algum grau de liberdade. Não tenho dúvida que ela tenha sensibilidade (para fazer as reformas);, disse ele aos jornalistas.

Levy fez questão de destacar a importância de reformas, como a da Previdência Social, no sentido de reduzir o tamanho das despesas obrigatórias, que engessam 90% do Orçamento da União. ;É importante fazer as reformas e só assim vai responder a necessidade de aumentar a renda. Eu sempre tenho dito nessa mesa que quando está fazendo sol, ninguém fica perdendo tempo para consertar o telhado. Mas quanto o tempo muda, é bom acertar o telhado antes de começar o temporal. Isso é um pouco o que o Brasil tem que fazer as reformas para poder virar a página;, afirmou.



Balanço
Ao fazer um balanço de 2015, o ministro Levy avaliou que o ano ;foi muito difícil; em vários aspectos e reconheceu que seu trabalho à frente da pasta não foi concluído. ;Uma missão de Ministro da Fazenda nunca se conclui. Tivemos iniciativas. Algumas não tiveram curso pleno para aumentar a eficácia da política monetária e reduzir a pressão dos juros sem prejuízo à poupança das famílias. A maior parte daquilo que propus como sendo uma primeira rodada de coisas importantes ao longo do ano, a gente não conseguiu concluir, mas encaminhou de maneira muito concreta;, disse. Ele acrescentou que, o que foi feito, está dando resultado em algumas áreas, como a recuperação do setor externo e a liberação do impacto do realismo tarifário no início do ano, ;só ajudou a melhorar a credibilidade do Banco Central;.

Saída
Durante a conversa de pouco mais de duas horas na sala do Conselho Monetário Nacional (CMN), onde, ontem, ele se despediu dos presentes, Levy admitiu que conversou com a presidente sobre a possibilidade de sua saída do governo. ;O ano legislativo se encerrou e isso abre umas tantas alternativas. Evidentemente, meu objetivo não é criar nenhum tipo de constrangimento. E, agora, eu acho que a gente tem que ter clareza quais são as prioridades em função das demandas sobre o governo e sobre a presidente. Qualquer caminho vai ser muito em função disso;, avisou.

Entre os inúmeros questionamentos sobre sua demissão, Levy afirmou que ;pretendia ficar no cargo; e evitou fazer queixas sobre a falta de autonomia que ele teve para executar o seu trabalho e disse que ;se sentia confortável; à frente da pasta. ;Eu espero continuar confortável em tudo o que eu faço;, disse ele, seguido de risos dos presentes.

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