Antonio Temóteo, Vicente Nunes
postado em 21/12/2015 06:53
Nelson Barbosa assume hoje, oficialmente, o comando do Ministério da Fazenda ciente de que terá de lidar com uma economia em colapso. Esse retrato cruel lhe foi apresentado por uma série de técnicos ; vários deles, da equipe de seu antecessor, Joaquim Levy ;, com os quais se reuniu nos últimos dois dias para se inteirar da real situação do país.
[SAIBAMAIS]Barbosa ouviu que há uma onda de quebradeira de empresas, crédito com queda real de 4% a 5%, retração brutal da indústria e dificuldades enormes para o governo cumprir a meta de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. Nos diagnósticos traçados pelos técnicos, ficou claro que o governo é o principal responsável pelos graves problemas enfrentados pelo país. O excesso de subsídios e de incentivos fiscais dados ao setor produtivo e aos consumidores desde o estouro da crise mundial em 2008 viciou a economia.
Com a mudança radical imposta por Levy, fechando todas as torneiras de uma única vez, a atividade foi asfixiada. Na avaliação dos técnicos, a política conduzida pelo ex-ministro só teria sucesso se ele tivesse apoio total do governo e do Congresso, o que não se verificou. Barbosa indicou, nas conversas, que o compromisso com o ajuste fiscal está mantido e que haverá sacrifícios por parte do governo, mesmo que em dosagem menor que a prescrita por Levy, para entregar o superavit primário (economia para o pagamento de juros da dívida) de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. O caminho a ser seguido pelo novo ministro da Fazenda está definido num trabalho intitulado Principais desafios macroeconômicos de 2015-18, de 2014, no qual ele define os ;12 trabalhos fiscais;.
Os consumidores devem se preparar, assim como os servidores públicos. Barbosa avisou que manterá a política de reajuste das tarifas de energia e dos preços dos combustíveis, ou seja, não há como o Tesouro Nacional voltar a subsidiá-los. Ele promete reduzir a folha de pagamento do funcionalismo em proporção do PIB. Isso significa que os concursos para 2016 estão praticamente suspensos e vagas que forem abertas não serão preenchidas. Também haverá diminuição dos gastos com transferências de renda (incluindo o Bolsa Família) em relação às riquezas produzidas pelo país.
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