Economia

Inflação da educação encerrou 2015 com alta de 9,25%

Custo de colocar o filho em uma creche subiu 15,77% no acumulado de janeiro a dezembro de 2015

postado em 17/01/2016 10:58
Os brasileiros lidaram com o aumento de preços de diversos produtos e serviços em 2015. Com o início mais um ano letivo, é o momento de quem estuda ou tem filhos em idade escolar deparar-se com os efeitos da inflação sobre a educação. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fechou 2015 com alta de 10,67%, a inflação da educação, segundo o IBGE, foi 9,25%.

Aumento inclui mensalidades de cursos, fotocópias e artigos de papelaria

Nesse aumento estão incluídos gastos como mensalidades de cursos, fotocópias e artigos de papelaria. Segundo o IBGE, cada um desses itens é levado em conta para formação do índice global da educação, bem como os custos em cada região metropolitana, com diferentes pesos. Nos gastos com cursos regulares, a creche registrou a maior alta.

De acordo com o IBGE, o custo de colocar o filho em uma creche subiu 15,77% no acumulado de janeiro a dezembro de 2015. A segunda maior inflação no período foi a da educação infantil (10,54%); e a terceira, a do ensino fundamental (10,36%). O ensino médio também acumulou inflação na casa dos dois dígitos em 2015, de 10,32%. Os custos do ensino superior e da pós-graduação tiveram os menores aumentos, 8,51% e 6,17% respectivamente.

Na categoria cursos diversos, que abrange opções extracurriculares como idiomas e informática, os reajustes também foram significativos. O maior aconteceu para os cursos de idiomas, cujo custo cresceu 13,82%. Para cursos preparatórios, a inflação foi 12,85% e para os de informática, de 10,84%. Já os cursos técnicos e as atividades físicas tiveram reajustes de 6,58% e 5,67%.

O economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que a inflação de bens e de serviços do dia a dia contribui para a alta dos preços de cursos em geral. ;Em relação à mensalidade, a escola tem de recompor custos do ano anterior. Aí entram reajuste do professor, aluguel, energia, água, telefonia. Em especial no ano passado, a energia foi a vilã. Com a piora do mercado de trabalho, a inadimplência também cresce e estimula reajustes maiores;, analisa.

O advogado Luís Cláudio Megiorin, presidente da Associação de Pais e Alunos do Distrito Federal (Aspa-DF) e membro do Conselho de Educação do DF, concorda que a inflação pressionou os custos de funcionamento das escolas em 2015. Ele, no entanto, defende transparência sobre os custos por parte dos estabelecimentos particulares de ensino. ;Não há divulgação das planilhas de custo [das escolas], conforme está previsto na lei 9.870, de 1999. Então, a gente fica sem saber até que ponto isso [aumento de mensalidades em razão da inflação] é verdade;, argumenta.

De acordo com Megiorin, a Aspa-DF está se articulando com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) para cobrar das escolas particulares a abertura das planilhas. Ele informa que, no Distrito Federal, o percentual de reajuste das mensalidades ficou entre 10% e 14%. Entretanto, diz, há casos considerados abusivos, como o de uma escola de educação infantil que reajustou as mensalidades em 23%. ;Esse caso específico, nós estamos encaminhando ao Procon;, informa.

Material escolar
Além das mensalidades mais caras, também será preciso desembolsar para a compra do material escolar. Segundo o IBGE, a inflação da papelaria em geral acumulou 8,06% de janeiro a dezembro de 2015. O economista André Braz, da FGV, ressalta que pode haver diferença grande de um estabelecimento para outro. Além disso, lembra que a alta do dólar contribuiu para encarecer itens importados.

;Boa parte desse material [de papelaria] é importado, principalmente da China;, comenta. Para não pagar mais, ele aconselha o consumidor a pesquisar. ;Como há uma concorrência muito grande, é possível driblar alguns aumentos;, acredita.

O presidente da Aspa-DF, Luís Cláudio Megiorin, lembra aos consumidores que as escolas não podem mais pedir a compra de material de uso coletivo, como papel, tinta para impressora, papel higiênico e copos e garfos descartáveis. Sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 2013, a Lei 12.886 proibiu a prática em todo o território nacional. No Distrito Federal a Lei 4.311, de 2009, estabelece ainda que a escola deve apresentar um plano de execução ao exigir alguns materiais, mostrando como serão usados no aprendizado. Segundo Megiorin, abusos devem ser denunciados ao Procon. ;Está faltando aos pais se unirem mais, porque esse controle é efetivo;, defende.

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