Antonio Temóteo
postado em 19/01/2016 17:09
Mais uma vez, o Banco Central não resistiu as pressões do governo e do PT, e decidiu sinalizar para o mercado que pode manter a taxa básica de juros (Selic) inalterada ou promover uma alta de apenas 0,25 ponto percentual na reunião de amanhã do Comitê de Política Monetária (Copom). O recado foi dado por meio de uma nota na qual o presidente do BC, Alexandre Tombini, avaliou como "significativas" as revisões das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2016 e 2017 divulgadas ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Até ontem, o consenso do mercado era de que a elevação seria de 0,5 ponto percentual e a Selic chegaria a 14,75% ao ano. O organismo internacional estimou que a queda do PIB passará de 1% para 3,5% neste ano. E em 2017, a previsão inicial de crescimento de 2,3% foi alterada para 0%. Tombini ressaltou que todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom são consideradas nas decisões do colegiado.
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Os analistas se espantaram com a decisão do BC de comentar uma revisão de cenário do FMI e consideraram a estratégia do BC um erro. Um economista relembrou que, historicamente, a autoridade monetária não costuma se manifestar às vésperas dos trabalhos do comitê, quanto mais para comentar uma revisão de projeções do FMI. "O BC errou mais uma vez e perdeu toda credibilidade", comentou.
Um outro analista ouvido reservadamente não poupou o BC de críticas. Para ele, Tombini deu mais um sinal de que não tem autonomia para comandar a autoridade monetária e que é subserviente a presidente Dilma Rousseff. O mesmo economista ainda ressaltou que a mudança de sinalização ocorreu após reiterados comunicados oficiais do BC que indicavam uma alta de juros. "A bússola apontava para uma direção. Agora eles tiraram o aparelho de navegação das nossas mãos e nos jogaram vendados em uma floresta", ressaltou.