Economia

Médicos peritos do INSS voltam, mas escolhem quem atender

Categoria, em 143 dias de greve, deixou de realizar 1,3 milhão de exames. Eles querem redução da jornada, reajuste e fim dos terceirizados. Sem avanço na negociação, mantiveram a mobilização: só dão consulta para recebimento do 1º benefício ou volta ao trabalho

Antonio Temóteo
postado em 26/01/2016 06:00



Em pé de guerra com o governo, os médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) voltaram ontem a trabalhar, após 143 dias de braços cruzados. Muitos não compareceram às agências da Previdência Social, e filas se formaram com os trabalhadores em busca de informação. Especialistas avaliam que os transtornos continuarão nos próximos meses. Os médicos afirmam que mantêm o estado de greve, que atenderão apenas os segurados que aguardam o primeiro exame para receber o benefício e aqueles que desejam voltar a trabalhar. As avaliações para prorrogação e reconsideração de auxílios, para aposentadoria especial, para aposentadoria por invalidez e para isenção de Imposto de Renda não serão feitas, segundo a Associação Nacional de Médicos Peritos (ANMP).

Sem firmar um acordo com o governo para reduzir a jornada de trabalho de 40 horas para 30 e manter a remuneração atual, os médicos inciaram uma greve e deixaram de realizar 1,3 milhão de exames, nas contas do INSS. Os peritos estimam que mais de 2 milhões de atendimentos estejam represados. Com a paralisação, o tempo médio para agendamento da avaliação no país passou de 20 para 88 dias. No Distrito Federal a espera chega a 78 dias; em São Paulo, 79; na Bahia, 85; e em Pernambuco 109. A ANMP estima que em algumas agências do DF os segurados aguardam até 120 dias para serem avaliados e, na capital paulista, 180.

Sem acordo

Alves ainda ressaltou que os médicos são contrários à celebração de convênios com órgãos do SUS e afirmam que em diversos estados, por força de decisão judicial, a pericia é terceirizada. ;Nossa principal reivindicação não é salarial e sim que a jornada de 30 horas seja prevista em lei;, comentou. O Planejamento sugeriu que essa medida fosse discutida em uma mesa de negociação especifica e desde então não há um acordo com a carreira.

Quem foi a uma agência teve dificuldade para ser atendido. A professora Mariana Dutra, 26 anos, foi uma exceção. O lavrador Ademir Martins Pereira, 33, foi outro que conseguiu atendimento. Ele saiu de Cristalina (GO) em uma ambulância da empresa para a qual trabalha porque na cidade onde mora a espera está maior. Pereira está afastado do serviço há um ano, por causa de uma cirurgia de hérnia de disco. ;O benefício deixou de ser pago há quatro meses. Minha empresa entrou com o pedido da perícia para mim. Disseram que vou receber os atrasados, mas ainda vão demorar um mês para pagar. Só acredito vendo.;

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