Agência France-Presse
postado em 04/02/2016 18:35
A Argentina entrou na quinta-feira no quarto e crucial dia de negociações em Nova York com os fundos especulativos para buscar uma solução para o litígio multimilionário por sua dívida em default após os "avanços" feitos na véspera.O mediador judicial Daniel Pollack chegou às 13H00 locais (1600 de Brasília) ao seu escritório no centro de Manhattan, cenário desde a segunda-feira das discussões entre a missão argentina, encabeçada pelo secretário das Finanças, Luis Caputo, e os fundos especulativos, NML Capital e Aurelius, bem como outros demandantes.
O novo governo do presidente de centro-direita, Mauricio Macri, busca chegar a um acordo para pagar NML Capital e Aurelius, que obtiveram em 2012 uma sentença do juiz federal de Nova York, Thomas Griesa, por títulos em default desde 2001 por um montante que chega, hoje, a 1,75 bilhão de dólares.
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[SAIBAMAIS]Das negociações também participam, em separado, outros demandantes detentores de bônus não pagos, denominados "me too" (eu também), que se somaram ao litígio a partir de meados de 2014, elevando o montante total a entre 9 e 10 bilhões de dólares.
As gestões argentinas foram saudadas no Fundo Monetário Internacional (FMI). A diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, disse nesta quinta-feira que é "muito animador" que Buenos Aires busque um acordo pois isto normalizará as relações da Argentina com o mundo financeiro. Se as negociações alcançarem um resultado "justo e equilibrado, que apoie o retorno da Argentina aos mercados financeiros, e que restaure sua posição financeira, tudo isto é positivo", disse Lagarde.
Oferta argentina
Na quarta-feira, o negociador argentino Luis Caputo indicou à imprensa que a oferta argentina pode ser conhecida na quinta ou na sexta-feira. O encarregado argentino admitiu, no entanto, que por se tratar de "muitos fundos, diferentes créditos, diferentes pretensões", não era simples "colocar-se de acordo em uma única oferta que compatibilize tudo".
Pollack destacou, por sua vez, em um comunicado na quarta-feira à noite que foram feitos "alguns avanços" nas negociações, sem dar maiores detalhes. O governo precedente de centro-esquerda de Cristina Kirchner (2007-2015) tinha rejeitado a sentença de Griesa, que em julho de 2014 suspendeu um pagamento de 539 milhões de dólares em Nova York aos detentores de bônus que aderiram às trocas, provocando um default parcial da Argentina.
Esta tentativa de resolver um conflito que se arrasta há anos nos tribunais nova-iorquinos ocorre após o anúncio, na terça-feira, de um pré-acordo entre a Argentina e 50 mil detentores de bônus italianos para pagar-lhes 150% do montante original do capital de 900 milhões de dólares por títulos em default.
Os detentores de bônus cobrarão "à vista 1,35 bilhão de euros", destacou nesta quinta-feira, em Roma, seu representante, Nicola Stock. Estes credores exigiam 2,5 bilhões de dólares em capital e juros punitórios no CIADI, o tribunal de diferendos dp Banco Mundial.
Como os fundos especulativos nos Estados Unidos, os detentores de bônus italianos tinham rechaçado entrar nas trocas da dívida de 2005 e 2010 da Argentina, aos quais aderiram 93% dos credores, aceitando um reembolso parcial com importantes reduções.
A administração de Macri acredita que um acordo com os fundos especulativos permitirá ao país voltar ao mercado de financiamento internacional e alcançar investimentos de capitais estrangeiros.