Apesar de ainda não ter uma proposta fechada e de assistir, passiva, aos embates entre seus auxiliares, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem a líderes da base aliada, em reunião no Palácio do Planalto, que dentro de 60 dias enviará ao Congresso o projeto para a reforma da Previdência Social. ;Farei isso com ou sem consenso político;, afirmou ela. A interlocutores, a presidente defende que a reforma, ansiada pelos investidores, será seu grande ;legado; para o país.
Mas não será fácil para o Palácio do Planalto cumprir o prazo. Há um racha declarado sobre o tema entre os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e do Trabalho e Previdência, Miguel Rossetto. O chefe da equipe econômica acredita que, mesmo contrariando os partidos da base aliada, sobretudo o PT, e as centrais sindicais, o projeto de reforma é importante para recuperar o mínimo de confiança em relação ao governo. Já Rossetto defende que o assunto seja conduzido com cautela, sem atropelos.
Entre as propostas que Barbosa pretende apresentar hoje na terceira plenária do Fórum de Debates de Políticas de Emprego, Trabalho, Renda e de Previdência Social, está a unificação do sistema, com definição de idade mínima para os trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos. A aposentadoria por idade ; 60 anos para mulheres e 65 para homens ; passaria a valer a partir de 2027.
Dizendo-se aberta ao diálogo com a base aliada, a presidente pediu que os deputados convençam os parlamentares da importância de se modificar as regras da aposentadoria. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o governo pretende fazer um ;pacto de crescimento; com congressistas para que consigam aprovar uma agenda positiva para o país.
;Sinalizamos, por sugestão dos líderes, a nossa disposição em fazer um pacto pelo crescimento. Primeiro, é não aumentar despesas e, a partir daí, discutir a qualidade do gasto público;, disse Guimarães. Após receber 24 líderes e vice-líderes, a presidente almoçou com ministros da coordenação política para tratar da reforma da previdência. Não está prevista a participação de Dilma no fórum de hoje, mas ela quer que o assunto seja acompanhado de perto pelos subordinados.
Rebelião
Dilma já foi avisada que as centrais sindicais serão um grande empecilho para a reforma da Previdência. Dirigentes das duas maiores entidades já se posicionaram contra a matéria e prometem fazer paralisações em fábricas e manifestações pelo país como forma de alertar a sociedade para as intenções do governo ;de retirar direitos dos trabalhadores;.
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