Um dia após anunciar um segundo rebaixamento do Brasil em menos de seis meses, a diretora para a América Latina da Standard ;s (S), Lisa Schineller, sinalizou, em teleconferência, que novos cortes na nota dos títulos soberanos brasileiros podem ocorrer ainda este ano, pois a dívida pública continua crescendo. A executiva informou que a avaliação do país continuará em perspectiva negativa enquanto durar a instabilidade política. Para ela, para tentar conter o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o governo vai adiar a adoção das medidas necessárias para melhorar o quadro fiscal.
De acordo com Lisa, a piora na avaliação de risco do país ocorreu devido à deterioração das contas públicas, que chegou a um nível preocupante. ;Não foi o cenário externo que causou o rebaixamento do Brasil. Isso foi resultado da política doméstica, da ação ou da falta de ações;, explicou. Ela elogiou o pagamento das pedaladas fiscais no ano passado, que considerou um ;fator positivo;.
Na quarta-feira, a S reduziu a nota para os papéis de longo prazo do país em moeda estrangeira de BB%2b para BB. A agência também rebaixou a nota em escala global para os títulos em moeda local de BBB- (menor avaliação do grau de investimento) para BB. Segundo Lisa, a capacidade do governo brasileiro de administrar a dívida em moeda local é maior que a de honrar dívidas em moedas estrangeiras, mas, devido à deterioração fiscal, essa flexibilidade diminuiu.
;O fato de a S igualar as notas dos títulos em moeda local e estrangeira é preocupante, porque mostra que a agência não está conseguindo diferenciar os riscos interno e externo, mesmo com o volume de reservas do país acima de US$ 370 bilhões. Um dos motivos disso é o enorme passivo que o governo deverá cobrir na Petrobras, que também foi rebaixada;, avaliou o economista Evandro Buccini, da corretora Rio Bravo. Ele lamentou o novo corte da nota do Brasil. ;É um retrocesso de uma década. Agora, o país levará de cinco a sete anos para recuperar o grau de investimento;, avisou.
Em setembro do ano passado, a S, que foi a primeira agência a dar o grau de investimento ao Brasil, em 2008, retirou o selo de bom pagador do país. Em dezembro, foi a vez de a Fitch Ratings. Somente a Moody;s ainda não colocou os títulos soberanos brasileiros na vala dos países especulativos, por motivos que o mercado não entende, segundo Buccini. ;Agora, será inevitável que novos rebaixamentos ocorram, tanto da Fitch quanto da Moody;s;, comentou.
Compromisso
Questionada sobre a capacidade o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reverter o processo de deterioração fiscal, Lisa disse que não faria avaliações de pessoas em caráter específico, ;mas dos governos e das instituições;. E reconheceu a ;inconsistência na política fiscal; do governo brasileiro. Ela avaliou que o debate sobre a reforma previdenciária é positivo, mas é preciso ter um cenário de longo prazo que indique claramente o compromisso do Executivo com o as metas fiscais.
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