A recessão, o descontrole inflacionário, a queda na renda das famílias, o desemprego e o encarecimento do dólar levaram os brasileiros a reduzir os gastos com viagens ao exterior. Dados do Banco Central (BC) apontam que os turistas desembolsaram US$ 840 milhões em outros países em janeiro, uma queda de 62,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse é o menor resultado desde março de 2009, quando os viajantes gastaram US$ 779 milhões.
A desvalorização do real diante do dólar, por outro lado, tem favorecido a vinda de estrangeiros ao Brasil. No mês passado, eles gastaram US$ 650 milhões no país, uma alta de 14% em relação ao mesmo mês de 2015. O resultado é o maior desde julho de 2014, quando os turistas que vieram para a Copa do Mundo desembolsaram US$ 785 milhões.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, adiantou que o movimento também é observado em fevereiro. De acordo com dados coletados até o último dia 19, os gastos dos brasileiros no exterior chegaram a US$ 612 milhões. Maciel ressaltou que, quando as despesas são projetadas linearmente até o fim do mês, indicam uma queda de 40% em relação a fevereiro de 2015. No mesmo período, os desembolsos de estrangeiros no país totalizaram US$ 430 milhões, indicando alta de 21%.
;O impacto da desvalorização do real na conta de viagens internacionais chama bastante a atenção. A queda na atividade econômica, com efeitos sobre a renda, também explica esse processo;, destacou Maciel. Ele ainda listou o aumento no Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) cobrado sobre remessas de agências de viagens para outros países entre os motivos da queda dos gastos no exterior.
Pressão
Em janeiro, a Receita Federal publicou instrução normativa que estabelece tributação de 25% de IRRF sobre remessas de valores ao exterior para pagamento de serviços de hospedagem, transporte, cruzeiros marítimos ou pacotes de viagens. A alíquota passou a ser cobrada independentemente do valor, tanto para pagamento de despesas de turismo, quanto viagens de negócios, serviço, treinamento ou missões oficiais.
Até o fim do ano passado, remessas para cobrir serviços educacionais, turísticos e de negócios eram isentas do IR até o limite mensal de R$ 20 mil. Para as agências de viagem, a isenção era de R$ 10 mil por mês por passageiro, o que, na prática, isentava a grande maioria das transações. Representantes da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) e da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) têm pressionado o governo para que a alíquota seja revista.
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