postado em 24/02/2016 11:19
O país perdeu o grau de investimento após a agência de classificação de risco Moody;s rebaixar o rating do Brasil em dois graus, de Baa3 para Ba2, com perspectiva negativa. Muitos brasilieros se perguntam o que isso significa e o que de fato muda para o país. Entenda:
; Para que servem as notas de classificação?
O chamado rating, ou nota de classificação, é um ;selo de qualidade; que as agências internacionais de classificação de risco de crédito dão para que os investidores tenham a segurança ao investir em negócios no país, sem risco de calotes. A partir do momento em que uma agência de classificação determina uma nota para o país, os investidores avaliam a possibilidade de ganhos e de perda de capital investido, principalmente em um cenário de instabilidade econômica, como é o caso do Brasil.
[SAIBAMAIS]
; Por que perdemos o selo de país bom pagador?
Segundo a Moody;s, o rebaixamento foi motivado pela perspectiva de mais deterioração nas métricas de crédito do Brasil, em um ambiente de baixo crescimento, com a dívida do governo podendo superar 80% do Produto Interno Bruto (PIB) dentro de três anos. Assim como ela, a Standard and Poor;s afirmou que os desafios políticos que o Brasil enfrenta continuam são um grande obstáculo na capacidade de o governo submeter ao Congresso uma proposta de Orçamento consistente com a política de correção prometida no início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
; O que acontece agora?
Sem o grau de investimento, os investidores ficam receosos e acabam não aplicando dinheiro em investimentos no país. Outra consequência imediata é a saída de recursos que são aplicados atualmente no Brasil, a chamada ;fuga de capitais;.
; E para a população brasileira, o que muda?
Com a fuga de capital internacional, o mercado entende que menos dólares vão entrar no Brasil, o que faz com que os preços de produtos subam, como já ocorre hoje. O mesmo ocorre com os produtos importados, que ficam mais caros. Um setor que sofre, por exemplo, é o de produtos de saúde, já que importa muito. O efeito cascata acaba também por afetar a geração de empregos, agravar a inflação e impactar o poder aquisitivo das pessoas, entre outros.
Rebaixamentos em série
A primeira agência que retirou o grau de investimento do país foi a Standard & Poor;s. O rebaixamento veio em 9 de setembro do ano passado, quando a S cortou em um grau (de BBB- para BB%2b). Em julho, a agência já havia alertado analistas do mercado financeiro quando, no dia 28, havia alterado a perspectiva da nota para negativa. A segunda ação de classificação do Brasil como mau pagador ocorreu em16 de dezembro pela Fitch. A agência alterou o rating do Brasil de BBB- para BB%2b, com perspectiva negativa. Na semana passada, a Standard & Poor;s decidiu reduzir a nota brasileira em mais um grau. No dia 17, a S mudou o rating de longo prazo em moeda estrangeira do país de BB%2b para BB com perspectiva negativa.
A decisão dupla da Moody;s chega em um contexto político delicado. Nesta quarta-feira, 24, João Santana, marqueteiro das campanhas eleitorais da presidente e Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prestará depoimento para a Polícia Federal. Além disso, o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, afirmou que é possível incluir novas provas, colhidas no âmbito da Operação Lava Jato, no processo que pede a cassação do mandato da presidente da República e do vice, Michel Temer.