Rosana Hessel
postado em 24/02/2016 12:09
A dívida pública do governo federal recuou 1,53% em janeiro, passando de R$ 2,793 trilhões, em dezembro de 2015, para R$ 2,749 trilhões, conforme dados divulgados nesta quarta-feira (24/2) pelo Tesouro Nacional. De acordo com o coordenador-geral de operações da dívida pública, José Franco, essa queda é normal para o mês. "Sempre há um volume grande de títulos que vencem em janeiro e que supera o número de emissões e o estoque acaba caindo", explicou o futuro subsecretário da dívida pública, cuja indicação foi divulgada ontem, mas ainda não foi publicada a nomeação no Diário Oficial da União. Ele negou qualquer dificuldade do governo em rolar uma fatia maior da dívida e garantiu que o colchão de liquidez garante "folga para o Tesouro escolher o momento mais adequado para mais emissões".
Franco contou que o volume de resgates em janeiro somou R$ 150,4 bilhões, dos quais R$ 143, 9 bilhões da dívida interna, e as emissões foram de R$ 72,7 bilhões no cômputo geral, o que ajudou nessa redução do estoque. Ao longo deste ano, conforme dados do Tesouro, outros R$ 456,9 bilhões em títulos vencem. O resgate líquido de R$ 73,19 bilhões em títulos soberanos emitidos no país fez com que o estoque caísse 1,63%, para R$ 2,606 trilhões. Já a dívida externa aumentou 0,04% no mesmo período, , principalmente, devido à valorização do dólar, somando R$ 142,90 bilhões (US$ 35,35 bilhões).
O técnico lembrou que a dívida tende a aumentar neste ano e, segundo o Programa Anual de Financiamento (PAF), o estoque deverá encerrar dezembro com algo entre R$ 3,1 trilhões e R$ 3,3 trilhões, ou seja, deverá aumentar em até R$ 507 bilhões em comparação ao último mês de 2015.
Rebaixamento
O coordenador da dívida minimizou o rebaixamento do país pela Moody;s, anunciado na manhã de hoje e ele avisou que isso não deve atrapalhar o programa de gestão dos títulos públicos pelo Tesouro. Em uma tacada só a agência cortou duas notas do país, passando de Baa3 para Ba2 e ainda sinalizou perspectiva negativa. Com isso, a agência foi a última das três grandes internacionais a retirar o grau de investimento do Brasil, pois a Standard & Poor;s e a Fitch Ratings fizeram isso em setembro e em dezembro de 2015, respectivamente, e o país está definitivamente posto no rol dos países considerados ;lixo; pelo mercado internacional.
Segundo Franco, o rebaixamento já era esperado pelo governo e, inclusive, estava previsto no PAF. ;O Tesouro trabalha com vários cenários. Temos o cenário básico, o otimista e o conservador. Nesse último, temos que fazer uma previsão para coisas não positivas acontecendo. Mas o melhor que temos a dizer é que governo está preparado para gerir a dívida pública com a perda do grau de investimento;, garantiu.
Fatia de bancos encolhe
Os principais detentores da dívida pública, as instituições financeiras, reduziram sua participação no estoque em R$ 55,96 bilhões, passando de 25,01%, em dezembro, para 23,28%, no mês passado, para R$ 606,81 bilhões. Os fundos de investimento também encolheram sua fatia, passando de R$ 518,13 bilhões para R$ 517,68 bilhões, mas o percentual passou de 19,55% para 19,83% no mesmo período. No entanto, esse percentual ainda é menor que os 20,28% de dezembro de 2014. Já os estrangeiros, elevaram o percentual de 18,79%, em dezembro passado, para 18,91%.
Franco acredita que a participação dos estrangeiros deverá continuar aumentando porque a ;média dos juros praticados lá fora está caindo;. ;O nosso (juro) um dia também vai cair;, assegurou sem dar detalhes de quando. Para ele, um dado positivo de janeiro foi o aumento do prazo médio da dívida que subiu de 5,57 anos, em dezembro, para 4,76 anos, em janeiro. ;Isso mostra que estamos conseguindo melhorar a qualidade do endividamento, alargando os vencimentos;, disse.
No entanto, o custo médio do estoque subiu de 16,07% ao ano, em dezembro, para 16,44% anuais, no mês passado. Franco disse que esse aumento é resultado, principalmente, da ;variação cambial;.