Economia

Recessão: em um mês, Brasil destrói quase 100 mil empregos

Comércio fecha 70% das vagas em janeiro. Analistas dizem que a situação vai piorar e famílias devem se preparar. A dica é poupar para enfrentar o difícil período do desemprego

postado em 27/02/2016 08:00


A recessão não está perdoando os trabalhadores. Em janeiro, foram fechados 99,7 mil postos com carteira assinada, o pior resultado para o mês desde 2009, quando o país foi atingindo em cheio pela crise que varreu o mundo. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e da Previdência Social, dos oito setores analisados, somente a agricultura conseguiu registrar saldo positivo (8,7 mil). Nos demais, o pior resultado foi computado pelo comércio: 69,7 mil vagas desapareceram, o equivalente a 70% de todos os empregos extintos no mês.

O comércio está sofrendo, sobretudo, com a falta de confiança dos consumidores. O temor é justamente da perda do emprego. ;O varejo foi um dos últimos setores a entrar na crise, mas, agora, está vivendo um brutal fechamento de postos de trabalho;, afirma Fábio Bentes, economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Ele lembra que, no ano passado, 246,7 mil vagas desapareceram e quase 100 mil lojas foram fechadas. Pelas projeções da CNC, as vendas devem cair 7,8% em 2016 e mais 298,9 mil oportunidades serão destruídas.

Na avaliação de Bentes, janeiro deste ano só não foi pior porque o Natal foi muito fraco e as lojas reduziram o número de trabalhadores contratados. Ou seja, não havia tanta mão de obra para ser demitida. ;Não se trata de uma boa notícia. Muito pelo contrário;, diz. Na indústria e na construção civil, o clima também é de desolação. As fábricas cortaram, no mês passado, 16,5 mil vagas. Já os canteiros de obras demitiram 2,6 mil pessoas. No setor de serviços, 17,2 mil postos foram extintos. ;Trata-se de um quadro devastador;, destaca Rodolfo Peres Torelly, especialista em mercado de trabalho.

Pelos cálculos de Torelly, levando-se em conta que quase 100 mil famílias ficaram sem trabalho em um único mês, aproximadamente meio milhão de pessoas não terão de onde tirar o sustento, levando-se em conta que, em cada casa, vivem quatro pessoas. O pior, diz ele, é que todas as projeções apontam para uma deterioração maior do mercado de trabalho. ;O desemprego continuará se agravando;, frisa. É possível que, no ano todo, 2 milhões de pessoas sejam demitidas. Os mais pessimistas falam em 6 milhões. Qualquer que seja o número, será um desastre para a economia.

Para Carlos Alberto Ramos, professor do departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), o espantoso é ver o Brasil liderando o processo de demissões no mundo. ;Não há hoje, no planeta, uma economia que esteja fechando tantos postos de trabalho como a brasileira. Como se explica uma crise dessa magnitude sem que o país esteja em guerra ou submetida a sanções internacionais?;, indaga. Ele ressalta ainda que o Brasil também não depende exclusivamente da exportação do petróleo, como a Venezuela. ;Então, realmente, há algo muito errado;, ressalta.

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