Economia

Pesquisa aponta que renda familiar brasileira recuou 3,4%

Inflação elevada e aumento do desemprego corroem o poder aquisitivo dos brasileiros em 2015, mostra pesquisa do IBGE. Para analistas, situação deve piorar neste ano, com o aprofundamento da recessão. População do DF tem o ganho mais elevado do país

Rodolfo Costa
postado em 27/02/2016 08:05


A inflação empobreceu as famílias brasileiras. Em 2015, o rendimento mensal domiciliar per capita da população caiu 3,4% em termos reais em relação ao ano anterior. Em valores nominais, ou seja, sem descontar a perda do poder de compra para a carestia, a renda média dos brasileiros foi de R$ 1.113, o que representou aumento de 5,8%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para analistas, a situação ainda deve piorar. ;O cenário atual é bem diferente daquele do ano passado;, destacou Tiago Cabral Barreira, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Os reajustes salariais contribuíram para que os valores nominais permanecessem elevados durante o primeiro semestre de 2015, quando a deterioração da economia ainda não havia atingido os atuais níveis alarmantes. ;Por isso, mesmo com a desocupação acima de 8%, a desaceleração dos rendimentos não foi tão expressiva;, disse.

O enfraquecimento da atividade econômica foi mais visível no segundo semestre. O Brasil teve a nota de crédito rebaixada por agências de classificação de risco e o dólar ultrapassou R$ 4, provocando uma alta disseminada de preços. Desde então, a economia está em queda livre. A inflação não dá sinais de trégua e os empresários estão adiando investimentos e reduzindo o quadro de mão de obra. Com menos postos de carteira assinada, em um cenário de inflação resistente, a queda de rendimentos será seguramente maior.

Diferentemente da Pnad Contínua Mensal, em que o IBGE mede a renda no mercado de trabalho, os dados divulgados ontem são resultado da soma dos rendimentos do trabalho e de outras fontes ; como aposentadoria, seguro-desemprego, aluguel, juros de caderneta de poupança e outros investimentos. Os economistas não trabalham com uma projeção fechada para esse tipo de indicador, que se iniciou em 2014, mas, dada a atual conjuntura, é bem provável que o resultado deste ano seja ainda pior, prevê Cabral.

;Os reajustes nominais no mercado de trabalho estão crescendo menos que o salário mínimo. Com a recessão, existe uma pressão de custos para os empresários, que aceleram as demissões;, avaliou. Para 2016, a projeção é de que os rendimentos do trabalho recuem 0,6%, contra queda de 0,1% em 2015. A desocupação deve atingir 11,8%, acima dos 8,5% do ano passado. Para Cabral, a reversão virá apenas em 2017, quando o rendimento médio deve subir 0,2%. ;Esse movimento acontecerá mais por uma expectativa de menor pressão dos preços do que pela taxa de desemprego, que pode chegar a 13%;, explicou.

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