Simone Kafruni
postado em 28/02/2016 08:05
O Brasil é uma promessa não cumprida, especialista em deixar o bonde da história passar. Na infraestrutura não é diferente. Quando o cenário internacional era favorável e o crédito abundante, o país perdeu inúmeros investimentos. Regras pouco claras, insegurança jurídica provocada pela política intervencionista e a mentalidade de que investidor não pode ter lucro, com os critérios de modicidade tarifária dos leilões de concessão, afastaram o capital privado. Agora, apesar de a necessidade de recursos e obras ser ainda maior, pode ser tarde demais, dizem analistas.
Para melhorar a atratividade, depois de enfrentar leilões sem interessados, o governo flexibilizou regras e melhorou taxas de retorno. Porém, mergulhado numa recessão sem precedentes, o país deixou de ser interessante, sobretudo depois dos rebaixamentos pelas agências de classificação de risco. Para Fernando Marcondes, advogado especializado em infraestrutura e sócio do escritório L.O. Baptista-SVMFA, em 2008, o Brasil estava preparado para enfrentar a crise mundial. ;Agora, o cenário internacional está se agravando e vai nos pegar muito mal. Somos um paciente terminal e entrou uma bactéria mortal na sala;, compara.
Ainda que o quadro global não seja dos melhores, Marcondes assinala que existem investidores com dinheiro. ;Há chineses que querem investir fora da China, sul-coreanos que querem diversificar, mas o Brasil é carta fora do baralho. O que os investidores dizem é que o país deixou de ser alvo dos grandes investimentos porque não é mais seguro. Não há um ambiente de negócios favorável;, explica. Outros países das Américas se deram bem, como Peru, México, Guatemala, Honduras, Chile e Costa Rica. ;O Peru criou regras importantes na área de contratos com o poder público e está atraindo muitos investidores. No Brasil, andamos no sentido oposto. Justamente quando deveria criar regras de segurança, o governo dá passos na direção contrária;, alerta.
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