Temendo uma quebradeira na aviação civil, em mais um ano de recessão, o governo publicou ontem a Medida Provisória 741, que amplia de 20% para 49% o limite de participação de investidores estrangeiros no capital de companhias aéreas. As empresas do setor operam no vermelho desde 2011 e, somente entre janeiro e setembro passado, amargaram prejuízo de R$ 3,7 bilhões, conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A maior parte desse prejuízo é da Gol, que ostenta uma dívida gigantesca, de R$ 9,4 bilhões, e será a principal beneficiária da mudança.
Nos nove primeiros meses do ano passado, o rombo da Gol somou R$ 3,279 bilhões, um salto de 468,2% sobre o prejuízo de R$ 577 milhões registrado no mesmo período de 2014. A empresa não tem condições de pagar a dívida, pois o patrimônio líquido, em setembro, estava negativo em R$ 3,4 bilhões. A dívida supera a receita obtida pela companhia de janeiro a setembro de 2015, de R$ 7,1 bilhões.
O mercado aposta que, para recuperar a saúde financeira, a empresa precisará se capitalizar, ampliando a participação da americana Delta Airlines, que já está interferindo na gestão da companhia. Não à toa, o anúncio da MP 741 fez as ações da Gol dispararem, ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo. Os papéis preferenciais encerraram o pregão com alta de 21,33%, cotados a R$ 2,73.
O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Guilherme Ramalho, negou que a MP 741 tenha sido publicada a toque de caixa para socorrer a Gol, observando que o aumento da participação estrangeira nas aéreas vinha sendo debatido há praticamente duas décadas. ;Não é uma decisão voltada para a empresa A ou B. É uma medida muito importante para a sustentabilidade do setor;, disse.
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