Economia

Enquanto o país afunda na recessão, o restante do mundo cresce acima de 3%

Desempenho no ano passado mostra que os erros na condução da política econômica estão custando caro. Só Venezuela e Ucrânia são piores que Brasil.

Rosana Hessel
postado em 04/03/2016 06:00
O fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2015 confirma o país na lanterna da economia global. Ao contrário do que diz o governo, especialistas avisam que as razões da forte recessão em que o país está mergulhado nada têm a ver com acontecimentos do exterior, pois o mundo está crescendo acima de 3%. O tombo de 3,8% do PIB no ano passado em relação a 2014 deixou Brasil à frente apenas da Venezuela e da Ucrânia, que encolheram 4,5% e 6,4%, respectivamente, em um ranking de 32 países pesquisados pela Austin Rating. O desempenho brasileiro foi pior que o da Grécia, país mergulhado em crises frequentes, mas que conseguiu crescer 0,5% no ano passado.

[SAIBAMAIS]Neste ano, o mundo avançará 3,4%, pelas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), e o Brasil terá retração de 3% a 3,5%, ou de 4,4% a 4,9%, segundo as projeções mais pessimistas. ;Os fundamentos da economia brasileira continuam piorando e não está havendo estancamento da deterioração da atividade. Um gatilho para melhoria do cenário seria a interrupção do mandato do governo, mas isso provocaria uma melhora apenas em 2017;, avisou a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria , que espera recuo de 4% do PIB neste ano.

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Em nota, o Ministério da Fazenda tentou culpar a queda dos preços das commodities como um dos fatores da retração da economia em 2015, mas foi alvo de críticas. ;Esse tipo de análise é totalmente equivocada. Há vários países que são mais dependentes que o Brasil de commodities e estão crescendo. O que fez o PIB cair foi um excesso de intervenção na economia que desorganizou tudo;, destacou o economista Mansueto Almeida.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, também destacou que as razões da queda do PIB são domésticas. ;Não tem crise lá fora para justificar isso. A economia encolheu mais do que na Grande Depressão e na recessão de 2008, ou seja, o governo não tem possibilidade de aludir a isso;, disse.

O especialista em globalização e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Ernesto Lozardo fez uma analogia da economia com a matemática para resumir o assunto. ;Em economia, ao contrário da matemática, se alterarmos os fatores, o produto muda. Nos últimos anos, o governo piorou as políticas fiscal e monetária, forçou a queda dos juros e adotou medidas populistas que desequilibraram as contas públicas, geraram instabilidade derrubaram os investimentos;, resumiu. Para ele, o país ainda vai demorar para sair da recessão, que deverá se prolongar até 2018.

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