Economia

Governo vai fazer leilões de energia no segundo semestre

Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, os leilões de reserva serão para energias eólica e solar e Pequenas Centrais Hidrelétricas e de Microcentrais

postado em 04/03/2016 18:33
O governo vai fazer, no segundo semestre deste ano, leilões de energia A-3 e A-5 e de reserva, apesar da expectativa de redução de demanda. A garantia é do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. ;Com certeza vai ter. Vai ter o A-5 [com fornecimento para cinco anos- até 2021] e o A-3 [com fornecimento para três anos- até 2018];, revelou, hoje (4), no Museu do Amanhã, antes de participar do debate sobre a 21; Conferência do Clima (COP 21), promovido pelo museu e pelo Observatório do Clima, no centro do Rio.

Segundo Tolmasquim, os leilões de reserva serão para energias eólica e solar e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) e de Microcentrais (CGH). ;Isso é importante, inclusive, como sinal, porque tem uma certa preocupação dos investidores. Nós vamos fazer leilão para tranquilizar e dizer que vai continuar a contratação de eólica, solar e PCH. A gente vai manter, justamente, para manter a cadeia de equipamentos com demandas. Já tenho tranquilizado a ABEEólica [Associação Brasileira de Energia Eólica], que a gente vai fazer leilão, vai contratar e vai manter as encomendas do setor;.

Demanda
O presidente da EPE explicou que ainda não está definido o total de energia que poderá ser contratado. ;No leilão A-3 e A-5 vai depender da demanda das distribuidoras. Quanto elas vão pedir para ser contratado;, disse.

Tolmasquim esclareceu, no entanto, que nos leilões de reserva há mais liberdade na contratação de um pouco mais de energia, porque não depende da distribuidora. ;A gente tem uma margem de contratar um pouco maior no leilão de reserva, porque é uma energia adicional a que já tem, mas é claro que a queda do mercado faz você contratar um pouco menos de oferta. Hoje a gente tem um excedente estrutural de energia muito grande, então, não vai construir usina desnecessariamente, porque isso é um custo para o consumidor, que vai ter que pagar;, disse.

Para os leilões de A-3 e de A-5, Tolmasquim admitiu que a estimativa é que a demanda será pequena, porque hoje as distribuidoras, em grande maioria, estão sobrecontratadas porque a demanda caiu bastante. O leilão de A-5 foi marcado para o dia 29 de abril, mas o de A-3 ainda não tem data prevista.

Revisão
Tolmasquim adiantou que está sendo analisada uma nova previsão de demanda para o período de dez anos, com destaque para os próximos cinco anos e os números devem ser menores. Ele considerou possível ser negativo em 2016. ;Para 2016 era um crescimento de 1% no consumo de energia e, certamente, isso será revisto para baixo. Eu não tenho o número ainda, mas existe a possibilidade de ser negativo;, disse, acrescentando que para o período de cinco a dez anos a demanda vai continuar expandindo, mas será menor do que se previa antes.

Os novos cálculos podem ser divulgados na revisão ordinária de demanda prevista para maio deste ano. ;A revisão ordinária ocorre em maio, então, a gente, em princípio deve fazer na revisão ordinária, a não ser, porque está terminando agora, e vai ter que acertar com a ONS, a revisão e a gente vai ver. Ou vai ser na ordinária ou a gente faz um mês antes. Vamos ver;, indicou.

Abengoa
Tolmasquim considerou preocupante a situação da transmissão, porque alguns investidores estrangeiros do setor apresentam problemas, como o caso da espanhola Abengoa, que enfrenta processo de recuperação judicial.

;Tem tido alguns atrasos nas obras, então, a gente está trabalhando para as linhas que já foram vendidas, para tentar achar algum interessado, tornar atraentes. Tem alguns atrasos que são culpa dos investidores e outros que têm que conseguir licença ou passar pelo município ou para passar pela propriedade e o dono não deixa, então têm alguns problemas. Tem um grupo de trabalho da EPE, Ministério de Minas e Energia, ONS e Aneel trabalhando em cima disso;, explicou.

De acordo com Tolmasquim, muito provavelmente a questão da Abengoa deverá ser resolvida após uma negociação entre a companhia espanhola e uma empresa privada. ;A gente acompanha, mas é um negócio entre privados e não dá para a gente ficar aqui detalhando, mas é muito importante que seja uma solução rápida, porque são linhas muito importantes para o sistema;, disse, acrescentando que o ideal é que a negociação fosse concluída ainda no primeiro semestre de 2016.

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